Raiva Rosa é um projeto musical com origem em Bragança, grupo com quatro elementos unidos pelo amor à música, tendo começado como sessões animadas de Jam num estúdio improvisado pela noite dentro, desse percurso resultou uma banda a cantar em português, contando já com um EP e alguns concertos. O estilo musical da banda é uma mistura de várias sonoridades das influenciadas pelo talento individual de cada membro, resulta numa rock característico e muito limpo, cheio de força e uma raiva interior próxima dos rochedos de Trás-os-Montes e ao mesmo tempo um som limpo como de um campo de rosas, será?

Raiva Rosa: João Sousa - Voz/guitarra, André almeida – Guitarra, Heitor Peixoto – Baixo, Simão Reis - Bateria

 

A entrevista foi conduzida por António Pereira e Rui Coelho (DTM:)

DTM: Porquê Raiva Rosa? É um nome, fora do comum que me diz qualquer coisa, mas e a vocês?

Raiva Rosa: É um conjunto de coisas … é um conjunto de coisas …, mas acho que ficou Raiva Rosa pelo simples facto … por uma conversa que nós tivemos, do sentido de raiva, poder ser rosa, de ser colorida, não é?! E também porque a nossa manager, por assim dizer que é a minha Mãe, que se chama Rosa, por isso pareceu bem. Agradeço a nossa imagem a esta senhora que nos ajuda muito, a nossa Mãe.

No fundo também a definição fica um bocadinho em aberto, mesmo para nós não é assim, foi um nome que surgiu, na hora de certa maneira.  E depois é esta “Raiva Rosa”, esta repetição, esta brincadeira de palavras, mas também um bocadinho, pelo menos para mim é uma questão de por exemplo, tem a parte da raiva, que é a parte, um bocadinho, é se calhar uma coisa mais  ligada ao homem, mas o rosa que é um bocadinho mais ligada a mulher, tem esse interesse essas dicotomias, essas brincadeiras, entre os opostos.

E o nome da banda surgiu um bocadinho daí, então nos começamos a fazer o nosso trabalho, de tal maneira esta banda começou porque eu e o Simão temos um estudiozinho de gravação em casa, caseiro , eu e o Simão gravamos um tema, daí surgiu uma brincadeira e entretanto juntamo-nos os 4 e começou assim a banda, …não estou a ver ninguém que faca rock português em Bragança , …e acho que da maneira que nós fazemos nem se quer, nesta zona… arriscaria até no pais, a base elementar da banda é sermos os 4 portugueses e cantarmos em português,…sermos os 4 de rock, ou do punk ou disto ou daquilo.

DTM: Vocês também fizeram um single e um disco, um LP, agora já não se diz LP, com o mesmo nome Raiva Rosa, como é que isso correu, como é que correu a aceitação, do vosso trabalho?

Raiva Rosa: Neste momento penso que será até bastante positiva, para nós em termos pessoais, o próprio single, o próprio vídeo e tudo isso, foi um passo natural, hoje em dia até é muito fácil de conseguir esse tipo de gravações e esse tipo de qualidade, e é assim, foi um passo natural para nós. Nós andamos á procura de concertos, andamos á procura de tudo aquilo que permita a banda crescer e nesse sentido, um videoclip e um single tinha todo o interesse para nós. Tivemos um amigo nosso, com excelente qualidade, com grande material também, já com grande experiência, que se prontificou para fazer isso, e todas as oportunidades devem ser aproveitadas neste momento.

E a aceitação é visível porque já temos pessoal a vir aos concertos e a cantar as letras connosco. A massa tem crescido e esta entrevista é também consequência desse trabalho e dessa aceitação, desse burburinho que se começou a gerar à volta da banda.

DTM: O álbum quantas músicas tem?

Raiva Rosa: O E.P. tem 5 músicas.

DTM: As vossas músicas são todas em português?

Raiva Rosa: A primeira pessoa a querer  que a banda fosse em Português, foi o nosso baterista o Simão, e hoje acho que faz todo o sentido, antes, eu pelo menos no inicio, não pensava tanto assim, pensava que ia chegar a mais pessoas e que mais pessoas iam gostar, mas agora creio que não, agora creio que o português tenha sido a melhor escolha, o caminho certo.

A verdade é que veio bué pessoal do estrangeiro, de Erasmus a ir aos nossos concertos e tudo, apesar de não entenderem o que estávamos a dizer, acabam por nos vir perguntar o que quer dizer a letra, uma tradução, mas acabam por ouvir a nossa musica á mesma, a estar nos nossos concertos à mesma e a gostarem.

Inicialmente a ideia do Inglês era interessante para um outro mercado, mas no fundo nos somos Portugueses nos temos é de lutar, por aquilo que nos temos aqui.

DTM: Dessas músicas qual é aquela que vos define melhor?

Raiva Rosa: Cada um tem a sua resposta. Por acaso neste momento, acho que nenhuma delas já tem a ver connosco. Ouve uma evolução, já estamos a tocar coisas ao vivo que tem a ver mais com cada um de nós. Há uma necessidade muito grande de criar, essencialmente, não nos focamos muito em “vamos fazer um álbum” e fica por aqui, a ideia é criar e melhorar porque há sempre coisas a fazer.
Nós temos uma música chamada mesmo “Raiva Rosa” e eu decidi que não queria ensaiar mais aquilo, porque é mesmo chata.

DTM: Acho que se durares tanto como os Beatles, Rui Veloso vais ter de as tocar muitas vezes (risos).

Raiva Rosa: É uma questão de evolução nossa, não só como banda, mas também de cada um de nós individualmente, a nossa evolução puxa muito por começar a procurar coisas novas, aliás, nós temos 3 temas, a “Razão”, o “Porto” e a “Ser”, são 3 musicas novas que se calhar já não tem nada a ver com o EP inicial, digo no sentido de estilo e a maneira de como encaramos a musica. Nós não fechamos portas.

DTM: Não tendes um estilo definido? Um estilo que a gente possa catalogar digamos?

Raiva Rosa: Pelo menos eu falo por mim, eu não procuro cair em um estilo porque isso, iria fechar-nos portas e oportunidades, se calhar de as vezes procurar sons novos, que iria mais de encontro á nossa personalidade. A evolução da música, tem a ver connosco enquanto pessoas porque a música é uma expressão daquilo que se passa connosco. Estar a dizer “eu vou ser um grupo rock” iria fechar portas para muitas outras coisas que possivelmente iriamos gostar muito.  Tal como o João estava a dizer, a ideia do Inglês é uma coisa, e se calhar neste momento o Português é a resposta mais certa que poderíamos ter dado, não digo que não tenhamos um género definido, mas acho que vou preferir deixar isso para escolha das pessoas que estão de fora, é mais fácil para elas definir-nos do que nós a nós mesmos.

DTM: Vocês já estão a fazer o próximo álbum, o vosso processo de composição é feito como? É feito individualmente ou surge no meio do grupo? 

Raiva Rosa: São as duas. Por exemplo as vezes algum de nós lembra-se, está em casa, está a tocar, e quando chegamos ao momento de ensaiar, lembramo-nos “Olhem em casa lembrei-me disto”, uma pessoa começa a mostrar ao resto do grupo, começamos a acompanhar e depois “até aqui está fixe”, “aqui vamos fazer de outra forma”, a gente volta atrás e volta a repetir o que fizemos, já acrescentamos outra coisa nova. É sempre tudo feito por nos em conjunto.

DTM: E as letras?

Raiva Rosa: As letras, maioritariamente, é o João e o Simão. As letras nunca foram na nossa caneta para o público sem uma alteração. Há sempre alterações.

DTM: Portanto, vocês ainda não têm um estilo próprio, mas e um público alvo? Para quem é que vocês querem tocar?

Raiva Rosa: Para quem nos quiser ouvir, onde nós tocarmos, sejam 10 pessoas, sejam 50 mil, seja x ou y, nós só queremos essencialmente mostrar aquilo que nós somos, é um público bastante abrangente, porque temos músicas muito músicas de anos 60, inspiradas nos anos 70, como  Led Zeppelin, Pink Floyd e por aí fora, mas depois também conseguimos ter musicas um bocadinho mais, não queria dizer pop, mas um bocadinho mais nessa onda, acho que conseguimos atingir um pouco de tudo.

A faixa etária vai do 0 aos 99, é tipo os legos. Essencialmente, tentamos mostrar aquilo que nós somos eu não posso garantir que as pessoas do outro lado vão gostar, mas também não posso deixar de dizer aquilo que eu acredito, só porque do outro lado podem não gostar, isto não é um negocio, acima de tudo é o que nós somos, e aquilo que nós fazemos na vida.

DTM: É arte?

Raiva Rosa: Sim é arte.  Tentamos procurar isso acima de tudo, agora se as pessoas vão gostar? Ótimo, fico contente, por poder ter mostrado uma nova coisa a alguém, se não gostarem, epah é por isso que existem mais bandas.

 

DTM: E têm noção que estarem a fazer isto em Bragança, isso possa ser difícil? Ser um obstáculo? Para chegar ao resto do país?

Raiva Rosa: Completamente. Neste momento eu tenho 28 anos de idade, eu e o Simão, temos muitos projetos, nós vivemos juntos, e nós já tivemos muitos projetos ao longo dos anos, e uma das ideias bases que sempre tivemos foi se calhar irmos para fora e para fora até do país. Eu não fecho essa porta de maneira nenhuma, falo por mim obviamente.

Estou um bocado farto até da situação.

Mas não renego a este sítio, porque no fundo é assim, este sitio deu-me tudo, se calhar no momento até que não estava tão bem na minha vida, deu-nos tempo, o que é bom para artistas ter tempo, e espaço. Esta cidade neste momento, tem a parte urbana, para nós termos movimentação e ocupação, mas ao mesmo tempo, tem a calma, se calhar de um campo ou de qualquer coisa, para podermos parar, pensar e decidir fazer alguma coisa a sério. Eu não fecho a porta a ir embora daqui, mas acho que vamos ser sempre daqui isto vai ser sempre a nossa base.

Eu por acaso sobre isso tenho uma opinião, muito, muito acentuada, que o perfeito para mim é ser um morador de Bragança, só não trabalhar em Bragança porque nesta área é impossível trabalhar em Bragança.

DTM: E ir tocar ao estrangeiro e voltar, do género de uma tournée, arranjar um circuito para vocês se divulgarem um bocado mais?

Raiva Rosa:  Dentro do país ainda não tivemos a oportunidade sequer de passar o Douro, a partir do momento, se pensarmos assim estamos num projeto relativamente recente. Eu já estive, eu e ele já tocamos, em muitos outros projetos, eu inclusive num que correu o país todo. E mesmo do País ou se está bem localizado ou é impossível. Eu queria era isso, ser uma pessoa que leva a cultura daqui, do pessoal da minha idade, e do pessoal que pensa como eu, levar essa cultura a todo o País, mas ser pessoa de cá.  Não ter que ir para o Porto, Lisboa, para Guimarães, Braga para a confusão viver, até porque eu já estou habituado a isso e se estou cá, gosto é disto, quero é ficar cá.  Isso era o prefeito…criar aqui um movimento de …isso era o prefeito, ficar por cá e trazer mais gente cá, outras bandas, que possamos conhecer no trajeto.  Agora a ideia é mesmo essa e o meu objetivo de vida, estou a falar por mim, o meu objetivo de vida neste momento, é mesmo esse…conseguir ser autossuficiente na música pelo pais todo sem ter que estar ligado a nada, pronto é assim se tivermos uma ajuda seria ótimo …claro iria tirar muitas etapas do nosso do nosso caminho, mas neste momento para o mercado nacional de música da maneira que esta consolidado e trabalhado é muito difícil para qualquer banda que esteja a tentar aparecer, é muito difícil aparecer, são sempre os mesmos nomes, eu entendo que eles tenham qualidade, que tenham isto, que tenham aquilo, mas acho que há espaço para toda a gente e neste momento, por exemplo eu e o Andy nestes últimos 3 meses se calhar contactamos “prái” 80 pessoas á vontade, eu nem sei quantas pessoas nos responderam, eu mandei contacto, mandei mensagens, telefonei para a volta de 30 a 40 pessoas, só uma me respondeu até hoje.

DTM: Como é que fazem os contactos para concertos?

Raiva Rosa: Cafés, bares, associações, e tudo que esteja relacionado com a música, nos tentamos contactar, o problema é que as pessoas, ou não respondem sequer, o que se torna muito difícil para nós , quer dizer , não é que nos desmoralize, porque nos já estamos mais do que habituados a trabalhar, por conta própria, neste momento…(..) tudo o que nós temos mesmo as gravações EPs foi tudo por nosso suor basicamente, nos montamos o estúdio, montamos o material, arranjamos, compramos, investimos. Temos feito todo o trabalho no sentido de sermos independentes acima de tudo. …e como nós há mta gente.

DTM: Falem dos concertos que estejam já marcados? Os mais importantes.

Raiva Rosa:  Maiores são, o do festival da junta de freguesia, vai ocorrer dia 8 de junho e dia 6 de Julho no Festival do Quintanilha Rock

Com mais alguns concertos que ainda estamos há espera para agendar com o Quintanilha e também outros …

Esses são os maiores, temos outros marcados, ou mais ou menos marcados, o pessoal vai vendo há medida que nos vão seguindo nas redes sociais, este também é um bocadinho do nosso trabalho.

DTM:  Vamos falar de futuro, vocês já têm um no disco alinhado?  é um álbum?

Raiva Rosa:  E não será um álbum gravado por nós, gravado por nós sim, mas não com os nossos recursos, aliás todo o nosso trabalho está a ser dedicado para gravar esse tal álbum como deve ser, promove-lo como deve ser, em formato físico e digital, portanto sim… esse vai ser o próximo grande passo.

DTM:  Já tendes uma ideia de quando sairá? Uma data previsível?

Raiva Rosa: O nosso produtor que nos vai gravar disse que até ao final do Verão estaria se nos começássemos já, a seguir ao concerto da Semana Académica.

DTM: Já tendes músicas para isso?

Raiva Rosa:  …Já..já… 13 músicas.. temos mais ou menos 1:15h , 1:20h., mas é ainda cedo para respostas definitivas.

 

Fotos: Rui Coelho 



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