Um alegado ataque de abutres ocorrido hoje em Bemposta, no concelho de Mogadouro, deixou apreensivo um produtor pecuário que, além do prejuízo causado, fala na proximidade, cada vez mais frequente, destas aves às populações.

“Tenho as vacas a pastar num terreno situado na aldeia de Bemposta há mais de uma semana, num lameiro em Bemposta, onde há casas de um lado do outro. Ao início da manhã fui ver o gado e estava tudo tranquilo e fui lavrar. Mais tarde voltei e vi os abutres a bicarem num vitelo recém-nascido, que acabou por morrer”, explicou à Lusa José Augusto Morais.

De acordo com este produtor, os abutres saírem do local de forma muita rápida, o que não deu para fotografar o bando destas aves necrófagas, “mas o prejuízo ficou”.

“Fiquei surpreendido pela forma como o alegado ataque foi feito e tão perto das casas. Em conversa, vou tendo conhecimento de mais casos, tal como aconteceu há uns dias numa localidade vizinha, onde o animal teve ser tratado para evitar a sua morte”, explicou.

No espaço de pouco mais de duas semanas, este é o segundo alegado ataque do género atribuído aos abutres, sendo que o primeiro aconteceu em 08 de abril na localidade de Vilar do Rei.

“Tratava-se de uma novilha que tinha estado em trabalho de parto. Depois de parir, o vitelo mamou e tudo parecia correr. Após o esforço de parto, a progenitora deitou-se e foi nesse momento que o bando de abutres atacou e feriu de morte o animal”, explicou à data o proprietário Paulo Vilariça.

Esta já não é primeira vez que estas aves necrófagas atacam nos terrenos destes dois proprietários, havendo outros registos em ambas as localidades.

Os produtores do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) não duvidam que este tipo de ataque é cada vez mais frequente, havendo por vezes divergências entre as autoridades e os proprietários na forma de abordagem ao acontecimento e origem.

“Nesta matéria não posso fazer nada, apenas fico com o prejuízo”, vincou José Augusto Morais.

Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Mogadouro, António Pimentel, que é também o presidente da Comissão de Congestão do PNDI, disse que “os proprietários terão de ser ressarcidos dos alegados prejuízos e que vai levar o tema à próxima reunião da comissão de cogestão, no próximo dia 07 de maio”.

A Lusa contactou o ICNF e aguarda resposta.

De acordo os especialistas em avifauna rupícola, o abutre - também conhecido por grifo - que regularmente nidifica em Portugal, com incidência no PNDI e Tejo Internacional, apresenta um estatuto de “espécie quase ameaçada”.



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