Alunos da brigada anti-vespa asiática, de Vila Pouca de Aguiar, construíram “hotéis” para abelhas que instalaram hoje, em Pedras Salgadas, numa iniciativa que visa contribuir para a proteção desta espécie e de outros insetos polinizadores.

Os “hotéis” são pequenas estruturas em madeira, construídas em formato de casa, e lá dentro têm pinhas, cascas de pinheiro, canas de bambu, palhas, rolhas de cortiça ou musgo.

“É para os polinizadores se abrigarem e terem proteção”, afirmou à agência Lusa Ana, 13 anos e aluna do 8.º ano da escola de Pedras Salgadas, do Agrupamento de Escolas de Vila Pouca de Aguiar, um concelho onde a apicultura representa uma importante atividade económica e onde foi criada, por professores e crianças, uma brigada anti-vespa velutina.

A vespa velutina, também conhecida como asiática, é uma espécie que exerce uma ação destrutiva sobre as colmeias de abelhas melíferas e pode constituir perigo para a saúde pública.

Dentro das estruturas de madeira, as abelhas podem colocar os seus ovos e reproduzir-se.

A instalação destes “hotéis”, uma iniciativa que hoje assinalou o Dia Mundial da Abelha, ocorreu num espaço contíguo ao parque termal centenário de Pedras Salgadas, do Super Bock Group.

Também Toni e Gonçalo, ambos de 14 anos e da mesma turma de Ciências Naturais, se envolveram com muito entusiasmo na construção de armadilhas para capturar a vespa asiática e dos “hotéis”, um projeto que, segundo explicaram, visa proteger as abelhas.

“Desta maneira, não só se está a proteger a apicultura da região, já que estamos numa região apícola, como estamos a proteger muitas das espécies autóctones, já que a vespa asiática não se limita só à nossa abelha”, explicou o professor Paulo Sousa Ribeiro, da escola de Vila Pouca de Aguiar e que ajudou à criação da brigada anti-vespa asiática.

Com garrafões de plástico, alunos e professores construíram armadilhas para capturar a vespa velutina, mas também criaram um engodo para as atrair.

“Por cada rainha capturada, significa menos um enxame que potencialmente seria instalado”, realçou o docente.

A diretora de Comunicação, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Super Bock Group, Graça Borges, referiu que a iniciativa de hoje se insere no plano de restauro ecológico de 6,3 hectares de uma área contígua ao atual parque centenário, realçando ainda que o grupo está "empenhado em contribuir para a proteção das áreas envolventes às unidades fabris e hoteleiras".

“A ideia é aproveitar um dia que é simbólico, o Dia Mundial da Abelha, para trazer as escolas, a comunidade, e divulgar um pouco daquilo que é a importância da abelha para o ser humano”, realçou.

Catarina Barata, da Associação da Natureza de Portugal - World Wide Fund For Nature (ANP-WWF), explicou que, com as estruturas (hotéis) aliadas ao charco, já construído, e às espécies de plantas aromáticas plantadas, “estão reunidas as condições ideais para que aqui se estabeleçam mais populações de polinizadores, o que vai potenciar o aparecimento de novas espécies de flora e fauna”.

“Assinalamos com esta ação o Dia Mundial da Abelha, um dia criado como forma de sensibilizar sobre o papel essencial dos polinizadores na manutenção da biodiversidade e, por conseguinte, na saúde humana e do planeta”, frisou.

Segundo a ONU, cerca de 90% das plantações silvestres dependem das espécies polinizadoras, bem como 75% das plantações de alimentos.

A apicultura é um importante setor de atividade neste região, onde, anualmente, os seus 97 apicultores, 288 apiários e 5.795 colónias geram para o concelho 40,5 toneladas de mel, o que corresponde a cerca de 142.000 euros.

"Todas estas ações que, do ponto de vista da informação, sensibilização, educação, e explicação dos funcionamentos dos ecossistemas são fundamentais para termos pessoas mais conhecedoras, mais ativas, mais participativas e com mais atuação e envolvimento nestas práticas”, afirmou Duarte Marques, da associação Aguiarfloresta.



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