O presidente da Câmara de Montalegre e o vice-presidente, detidos hoje pela Polícia Judiciária (PJ), estão disponíveis para prestar os esclarecimentos que forem necessários “no tempo e lugar próprios”, segundo um comunicado divulgado pela autarquia.
“A câmara municipal, o senhor presidente e o senhor vice-presidente estão, como sempre estiveram, disponíveis para prestar os esclarecimentos que forem considerados necessários e, no tempo e lugar próprios, assim o farão, mantendo o foco no desenvolvimento do trabalho em prol do território de Montalegre, refere um comunicado assinado pela vereadora Fátima Fernandes.
O presidente, Orlando Alves, o vice-presidente, David Teixeira, eleitos pelo PS, e ainda o chefe de gabinete da divisão de obras da Câmara de Montalegre foram detidos pela PJ, estando indiciados pelos crimes de associação criminosa, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, falsificação de documentos, abuso de poder e participação económica em negócio.
A Judiciária explicou que a investigação versa sobre “um volume global de procedimentos de contratação pública, no período de 2014 a 2022, suspeitos de viciação para benefício de determinados operadores económicos, num valor que ascende a 20 milhões de euros”.
No comunicado, o município do distrito de Vila Real disse que, no âmbito de uma investigação relacionada com processos de contratação pública, o edifício dos Paços do Concelho foi alvo de buscas por elementos da PJ, acompanhados por procuradores do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional do Porto.
“Esta ação vem no seguimento das buscas realizadas no ano de 2020, visando recolher todos os elementos de prova que possam esclarecer a investigação e instrução de um processo que teve início e origem em denúncias anónimas e no âmbito do qual o senhor presidente e o senhor vice-presidente já haviam sido constituídos arguidos”, acrescentou.
E continuou: - “Apesar do tempo decorrido, espera-se que tudo seja esclarecido com celeridade para que, definitivamente, todas aquelas denúncias sejam removidas do espaço público”.
Orlando Alves e David Teixeira assumiram os cargos na Câmara de Montalegre em 2013, estando a cumprir o terceiro mandato. Nas eleições autárquicas de 2021, em Montalegre, o PS obteve 51,17% dos votos e conquistou quatro mandatos e o PSD três mandatos (42,35%).
David Teixeira é ainda presidente da Comissão Política do Partido Socialista de Montalegre, tendo sido reeleito neste mês de outubro.
As detenções foram feitas no âmbito da operação “Alquimia”, desencadeada pela Diretoria do Norte da PJ, em conjunto com o Departamento de Investigação Criminal de Vila Real, num inquérito titulado pelo Ministério Público – DIAP Porto.
De acordo com o comunicado divulgado pela PJ, foram executadas dezenas de buscas, domiciliárias e não domiciliárias, que visaram os serviços de uma autarquia local e diversas empresas nos concelhos de Montalegre, Braga, Famalicão e Vila do Conde, tendo-se procedido à detenção dos três indivíduos.
Nesta operação, estiveram presentes magistrados judiciais e do Ministério Público e estiveram envolvidos investigadores da Diretoria do Norte e ainda dos Departamentos de Investigação Criminal de Vila Real e de Braga, bem como de peritos financeiros e informáticos de várias estruturas da Polícia Judiciária.
No decurso da operação policial foi apreendida documentação diversa relativa à prática dos factos e material informático com possível alcance probatório.
Os detidos vão ser presentes sexta-feira à tarde no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, para primeiro interrogatório judicial e aplicação de eventuais medidas de coação.
Em março deste ano, os dois autarcas foram absolvidos do crime de prevaricação pelo qual foram julgados no Tribunal de Vila Real, estando em causa a aquisição de um painel publicitário LED em 2015.