Presidiu ao Tribunal Internacional de Alexandria (Egipto), recebeu o título de Sir e de Grande Oficial da Ordem do Nilo pelos reis Eduardo VII e Victoria de Inglaterra e foi nomeado cavaleiro da Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica, em Espanha. O conselheiro Pereira e Cunha, a maior personalidade do município de Mondim de Basto, Trás-os-Montes, faleceu há 70 anos e foi homenageado há dias através de uma monografia homónima.

Nascido na freguesia rural de S. Pedro de Atei, Pereira e Cunha (1855-1937) evidenciou-se curiosamente num período muito conturbado da História de Portugal, entre o ultimato inglês e a implantação da República. Foi governador civil de Faro, Porto e Lisboa. Na capital, conseguiu a democratização do Carnaval, abrindo-o ao povo, ao passo que recusou sempre a pasta de ministro, apesar dos convites.

Pereira estava para D. Carlos como o padre Vítor Melícias para o antigo primeiro-ministro António Guterres. Quando o monarca morreu assassinado em 1908, a rainha D. Amélia deixou uma frase célebre: \\"Se o Pereira cá estivesse, não tínhamos feito esta viagem [Vila Viçosa-Lisboa]\\". Junto da sepultura do conselheiro estão, aliás, os retratos do casal régio, que lhe entregou as Comenda e Grã-Cruz da Ordem Militar da Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

António Pinheiro Torres, sobrinho-neto do retratado e patrocinador do livro evocativo, distingue-o como uma referência da sua geração: \\"A corte, os políticos, os senhores procuravam-no nos momentos mais críticos do país; o seu parecer era indiscutível e a vida avessa a honras e títulos\\". O autarca mondinense Fernando Pinto de Moura mal conhecia a personalidade, \\"tal como a maioria\\" dos concidadãos, e pretende eternizá-la em S. Pedro de Atei ou na vila, faltando definir se tal será feito em estátua ou nome de artéria. \\"Mercê da humildade, generosidade e lealdade, Pereira e Cunha silenciava os seus feitos, mas hoje transmite auto-estima às nossas gentes\\".

Como jurista no Egipto (1903-1925) e aí líder do Tribunal Internacional (1918-25), o ilustre de S. Pedro de Atei \\"nunca teve uma decisão sua alvo de recurso\\". A dedicação e sapiência valeram-lhe ainda as medalhas de Comendador e Grã-Cruz das ordens militares de Cristo e de Avis.|



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