Numa mesa com um quilómetro de comprimento estão mais de 3 mil broas de pão, 500 quilos de carne de porco fumado e 200 quilos de arroz, e vinho, muito vinho. Trata-se da Mesinha a S. Sebastião, uma tradição que se repete dando de comer a quem vá à freguesia como sinal de agradecimento ao santo, como refere o presidente da Junta de Freguesia Xavier Barreto.
O pároco de Couto de Dornelas está em contencioso com a população devido à casa onde a festa é preparada, a paróquia considera que o edifício é seu, mas o povo discorda e diz que quem construiu a Casa da Festa foram os mordomos, o caso chegou a barra dos tribunais e entretanto a festa tem sido feita sem o padre da aldeia e sem a imagem original de S. Sebastião, tendo o povo arranjado uma réplica para que o Santo pudesse participar no repasto.
Reza a história que a tradição é anterior as invasões francesas, S. Sebastião protegia a população contra a fome e a miséria, mas na altura em que as tropas de Napoleão invadiram pela segunda vez o nosso país pilhando tudo que encontravam, a crença no santo aumentou. A população aflita rogou a São Sebastião para que protegesse a aldeia e estranhamente caiu um nevão obrigando as tropas francesas a escolher outro caminho. Como paga do milagre a população comprometeu-se a todos os anos dar uma almoço a quem aparecesse na aldeia.
A pequena aldeia de Couto de Dornelas com cerca de 500 habitantes hoje recebe mais de cinco mil pessoas que querem participar nesta festa renovada, provando o pão e o arroz. De ano para ano cresce a mesa e aumentam os alimentos é que cada vez mais são os visitantes neste dia 20 de Janeiro a Couto de Dornelas.
Mas esta tradição não é única no concelho de Boticas, outras aldeias como o caso de Alturas do Barroso e Cerdedo comemoram igualmente o dia de S. Sebastião. Como curiosidade refira-se que em Alturas do Barroso para além do pão é oferecida feijoada.