O folar da Páscoa tornou-se numa oportunidade de negócio para produtores de Valpaços que, de forma tradicional ou industrial, já confecionam esta iguaria durante todo o ano e até já exportam para os emigrantes.

O folar, uma espécie de bolo de carnes, é presença obrigatória na mesa dos transmontanos durante a celebração da Páscoa e é também a atração principal da feira que decorre entre esta sexta-feira e domingo, em Valpaços, distrito de Vila Real.

As vendas deste produto têm aumentado nos últimos anos, já se fazem durante todo o ano e a recente atribuição de Indicação Geográfica Protegida (IGP) é encarada como uma oportunidade que abrirá novas portas à comercialização.

Em Valpaços, há folar industrial e tradicional, produzido pelas padarias ou em fornos de particulares, que aproveitam para irem fazendo algum rendimento extra.

Conceição Moutinho é proprietária de uma padaria em Argeriz que dá trabalho a 14 pessoas durante o ano inteiro e, na altura da Páscoa, reforça com mais oito pessoas.

“Já vendemos folar o ano inteiro aqui no concelho, mas também para o Porto, Lisboa e até para o estrangeiro”, disse à agência Lusa.

Esta oportunidade de negócio foi impulsionada pela feira, há 19 anos. Conceição Moutinho explicou que o certame serviu para estabelecer contactos e que, agora, as vendas são diárias e as encomendas chegam de vários pontos do país e até do estrangeiro.

“Fazemos alguma venda para o exterior, mas praticamente para transmontanos que trabalham tanto na Suíça como na França. Os emigrantes fazem a encomenda previamente e nós despachamos pelas transportadoras”, explicou.

Marta e José Monteiro abriram uma padaria e pastelaria em Carrazeda de Montenegro onde produzem folar o ano inteiro, cozido no forno elétrico. José segue a receita tradicional e garante que o segredo está no “saber fazer bem”.

Marta quer expandir o negócio e acredita que a certificação IGP poderá ser uma alavanca que pode ajudar na divulgação e no aumento das vendas. Atualmente, já mandam por correio o folar para vários pontos do país, mas a intenção é conseguir um ponto de venda no Porto ou em Lisboa.

Na cidade de Valpaços, Marisa Frade acabou agora de fazer um segundo forno a lenha para aumentar a capacidade de produção de folar.

Aprendeu com a mãe uma receita que foi passada de geração em geração e, aqui, a tradição é seguida à risca, desde os produtos, o bater a massa à mão, a levedura até às orações que são feitas enquanto os folares são metidos no forno.

Marisa disse que o segredo deste produto está na qualidade dos produtos que usa, tanto do azeite, como dos ovos ou das carnes, como presunto, salpicão ou linguiça.

Concilia a produção de folar com o trabalho na câmara e é, nesta altura, que chegam a maior parte das encomendas. Só para a feira faz mais de 200 folares e é tudo vendido.

Estas produtoras vão aderir à IGP e são unânimes em defender que a certificação vai ajudar na divulgação do produto.

O presidente da Câmara de Valpaços, Amílcar Almeida, disse que o folar de Valpaços “é o único do país” a ter IGP, atribuída em fevereiro, tratando-se de “um selo de garantia que irá valorizar mais este produto. Este poderá ser comercializado congelado, ultracongelado, cozinhado ou cru.

“Se, só por si o folar representava muito para a economia do concelho, a atribuição de IGP irá abrir portas para muitos jovens e fazer chegar este produto aos quatro cantos do mundo”, salientou.

No entanto, como a atribuição do IGP é recente, o presidente explicou que o processo vai decorrer durante o próximo ano e que, na edição 2018 da feira, já haverá à venda o folar certificado.

Durante os três dias do certame são esperados cerca de 100 mil visitantes e um volume de negócios na ordem dos 1,5 milhões de euros.



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