A Feira do Fumeiro de Montalegre vai ter à venda, entre 19 e 22 de janeiro, 40 toneladas de alheiras, chouriças, salpicão ou presunto e vai manter os preços de venda, apesar do aumento dos custos de produção.

A edição de 2023 representa o regresso do certame sem as restrições impostas pela pandemia de covid-19 e perspetiva-se, segundo disse hoje, em conferência de imprensa, a presidente da Câmara de Montalegre, um “volume de negócios a rondar o um milhão de euros” em todo o concelho durante os quatro dias.

“O alojamento local está cheio, os restaurantes também estão cheios, aliás, recebem muitas pessoas durante todo o fim de semana e depois o movimento também se consubstancia nisto, as pessoas vão procurar conhecer áreas do concelho que não seja só Montalegre”, afirmou Fátima Fernandes.

Para apresentar a 32.º edição da feira, o município do distrito de Vila Real realizou uma conferência de imprensa, em Salto, onde deu a degustar o fumeiro e o tradicional cozido barrosão feito em potes de ferro, à lareira, e que está em destaque à mesa de 40 restaurantes nos fins de semana, entre dezembro e março.

A autarca adiantou que, no recinto da feira, vão marcar presença 50 produtores de fumeiro, que terão à venda cerca de 40 toneladas de alheiras, salpicões, chouriças ou presunto.

Marcarão ainda presença mais 20 expositores dedicados a outros produtos como o pão, licores, mel e compotas.

E, de acordo com a presidente, apesar do aumento dos custos de produção, o preço de venda do fumeiro ao público vai manter-se.

“Sabemos bem que a inflação está nos níveis em que está e, portanto, decidimos manter os preços”, salientou a autarca.

Rosa Moura, de 60 anos e uma vida dedicada ao fumeiro, foi uma das primeiras expositoras a marcar presença na feira, há 32 anos.

Neste inverno já desmanchou 23 porcos, um número que diz ser inferior ao dos anos anteriores por causa do “aumento dos custos de produção”.

“O custo de produção é muito grande. As pessoas que pensam que um quilo de alheiras a 15 euros ou o das chouriças a 23 euros é muito dinheiro, nem sequer imaginam, e já nem falo no trabalho, o custo que é ter um porco todo o ano a comer para chegar a esta altura. É demasiado caro”, afirmou.

A produtora exemplificou com a alimentação dos porcos, nomeadamente o saco do milho ou trigo que, em 2022, passou “de 12 euros para 23 euros”.

Na sua cozinha tradicional, em Medeiros, tem um estendal das mais variadas chouriças, salpicões e presunto. As alheiras para a feira serão feitas nos próximos dias.

A venda faz-se em casa a clientes já regulares, através da plataforma ‘online’, lançada durante a pandemia para ajudar a escoar o produto, e também no palco de negócios que é a Feira do Fumeiro de Montalegre.

José Maria Pereira, 64 anos e residente em Salto, vende fumeiro há 25 anos e este ano desmanchou 22 porcos para transformar nos mais variados produtos que vende aos clientes “de sempre” e que leva para a feira, palco de novos contactos e clientes.

“Mantive o número de porcos este ano. Antes da pandemia cheguei a matar até 30 porcos, mas depois reduzi para cerca de 20 devido ao medo de não se vender”, contou.

É um ano inteiro de trabalho para o produto estar pronto nesta altura e também José Maria Pereira aponta uma dificuldade acrescida em 2022/23.

“É uma atividade que já compensou mais. O custo de produção está caríssimo. Com a exploração pequena que tenho gasto 1.500 euros por mês só na alimentação dos animais, fora o que cultivo, como batatas, cereais, beterraba, couves e nabos”, referiu.

Quanto aos cereais disse que o preço aumentou entre “15 a 20%”.

A feira é organizada pelo município e Associação dos Produtores de Fumeiro da Terra Fria Barrosã.

Daqui a uma semana, Montalegre celebra também a primeira sexta-feira 13 do ano.

“Este vai ser um ano em grande, temos a certeza absoluta, porque depois do esconjuro do padre Fontes tudo é para correr bem”, salientou Fátima Fernandes.

A festa de rua em Montalegre arranca às 13:13 e o ponto alto continua a ser protagonizado pelo padre António Fontes, a quem caberá fazer a tradicional queimada, uma bebida feita à base de aguardente, limão, maçã, canela e açúcar.



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