A junta de freguesia de Aguieiras, Mirandela, criou o primeiro ginásio em meio rural naquele concelho do distrito de Bragança, para usufruto da população local.
Fica em Casario, uma das nove aldeias anexas, e é grátis. O projeto começou a funcionar em pleno esta semana e ocupou o espaço da antiga escola primária, onde há cerca de 15 anos que não há alunos.
No treino que a Lusa acompanhou, Manuel Fontes, o presidente da junta, explicou que o ginásio foi pensado sobretudo para os mais idosos, para promover o envelhecimento saudável. Na freguesia moram cerca de 200 pessoas e nas contas do autarca pelo menos 75% tem acima dos 70 anos. Foi feito um investimento de 2.600 euros em seis máquinas de exercício e no material necessário.
A câmara municipal promove pelo concelho ginástica sénior, no caso uma vez por semana. A junta de freguesia proporciona mais dois dias.
“Começámos com a ginástica. Depois achei que um ginásio seria diferente e uma grande aposta. Nota-se que as pessoas estão felizes e que se sentem bem. Há pessoas que dirão que havia mais coisas a fazer e acredito que seja verdade. Mas o carinho, o bem-estar, e as pessoas estarem à vontade e felizes é mais importante do que qualquer obra que seja feita”, afirmou Manuel Fontes, frisando ainda que não pretende cobrar “um tostão que seja” pelo novo serviço comunitário.
Para muitos, como é o caso de Maria do Céu, de 77 anos, é uma estreia usar máquinas de exercícios, apesar de reconhecer que não é difícil: ”Está a ser uma experiência muito boa. Nunca tinha andado num ginásio. Acho isto bom para nós, os velhotes”.
Constança Andrade, de 70 anos, já tinha andado num ginásio, em Mirandela, que dista cerca de 30 quilómetros. “Como era longe, desisti”, lamentou. Agora, acrescentou, só falta se estiver doente, porque se sente bem a praticar desporto.
Mas entre os 12 participantes que vestiam, ora na cor rosa ora azul, uma t-shirt que vai ao encontro deste mote da felicidade, com a frase “aqui sou feliz” estampada no peito, também constavam elementos mais novos.
“Aqui somos mesmo felizes. Os habitantes estão mais felizes, sem dúvida. Notam-se mais entusiasmados e mais ativos”, declarou Anabela Costa, de 48 anos.
O membro mais jovem é mesmo a professora, a ‘personal trainer’ Elodie Reis, de 27 anos, que partilhou a reação quando ao grupo que já existia da ginástica sénior foi falada numa expansão: “Inicialmente quando foi falado num ginásio disseram que isso era para os novos, que não tinham capacidade. Mas têm e bastante, até mais do que eu pensava”.
Elodie contou ainda que as pessoas estão “a vir aos poucos” ao ginásio. “Como é uma coisa recente, querem conhecer as máquinas e o espaço. Depois é que se vão ambientando a fazer atividades”.
O objetivo é que, apesar de sempre monitorizados em caso de dúvida ou necessidade, os utilizadores possam ser autónomos, explicou Elodie.
Num futuro próximo poderão ser definidos mais horários e os tipos de aulas, também em função da adesão que se for registando.
Manuel Fontes relembrou que o ginásio foi pensado para os mais velhos mas garantiu que não vão fechar as portas à gente jovem ou a quem queira da freguesia desfrutar das máquinas e manter o físico saudável.
“As pessoas estão diferentes. Porquê ginásios só nas cidades? Nas aldeias também temos direito. As nossas pessoas são como as outras. E se não fossem as aldeias as cidade não sobreviviam. Por isso, vamos dar-lhes alegria”, lançou Manuel Fontes.
O presidente da junta, de 59 anos, apesar de ter impulsionado a ideia ainda não ingressou no ginásio: “Eu já fui atleta, mas agora estou com um bocado de ferrugem. Vou pensar nisso, quando estiver tudo mais definitivo”, riu-se Manuel Fontes
SAD do Estoril Praia lamenta confrontos e não aceita “vantagem” dada ao Chaves
O presidente da SAD estorilista, Ignacio Beristain, lamentou hoje os confrontos entre adeptos flavienses e os jogadores ‘canarinhos’ no encontro da 30.ª jornada da I Liga de futebol, afirmando não aceitar a “vantagem” dada ao Desportivo de Chaves.
“Lamentavelmente, não estamos aqui para falar de um jogo de futebol. Lamentavelmente, [fazemos esta declaração] pelo que sucedeu no final do jogo, [quando] adeptos invadiram o relvado e agrediram os nossos jogadores, no campo”, começou por afirmar Ignacio Beristain, numa declaração feita aos jornalistas após o duelo entre Desportivo de Chaves e Estoril Praia (2-2).
A partida referente à 30.ª ronda do principal escalão do futebol nacional ficou marcada por invasão de campo e agressões entre adeptos transmontanos e jogadores da ‘equipa da linha’ no período de compensação.
Depois de largos minutos de paragem e duas expulsões, com os estorilistas Marcelo Carné e Pedro Álvaro a serem admoestados com o cartão vermelho direto, a partida retomou, apesar de os visitantes terem pedido à equipa de arbitragem para suspender o duelo.
“Os nossos jogadores, ao defender-se da agressão, foram expulsos pelo árbitro. Todos os que estávamos aqui, vimos que não havia condições para [continuar] o jogo, já se tinha cumprido o tempo regulamentar, havia jogadores do Estoril Praia que foram agredidos no relvado, pelo que pedimos ao árbitro para suspender o jogo, mas, como viram, decidiu-se continuar num [contexto] em que não estava para se jogar futebol e, quem foi agredido, sofreu o prejuízo”, afirmou o responsável ‘canarinho’.
Por todos estes motivos, Ignacio Beristain reiterou não poder aceitar a decisão do árbitro Nuno Almeida, afirmando que o Desportivo de Chaves saiu beneficiado desta situação.
“Hoje, quem agrediu em Chaves ganhou vantagem. Somos gente do desporto, aceitamos sempre, sempre, os resultados, sabemos ganhar e sabemos perder. Hoje, não posso pedir aos adeptos, aos jogadores [que aceitem], o Estoril Praia não pode aceitar o que se passou”, concluiu.
Segundo fonte da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Chaves, seis adeptos foram detidos na sequência dos confrontos.
I Liga/ Desportivo de Chaves – Estoril Praia
(declarações)
Declarações após o jogo Desportivo de Chaves – Estoril Praia (2-2), da 30.ª jornada da I Liga de futebol, disputado hoje em Chaves:
- Moreno (treinador do Desportivo de Chaves):
[Confrontos] “Não me sinto muito confortável para falar, sou sincero. Estava de costas, quando olho para o jogo vi a confusão e não posso acrescentar muito mais, porque não sei as razões [que motivaram] o que aconteceu. O que acho que devo dizer é que não é bom para ninguém, não é para o Desportivo de Chaves, não é bom para o Estoril Praia, não é bom para o futebol português. A responsabilidade, também não consigo apontar o dedo a ninguém, sinceramente.
Não tenho muito mais a acrescentar e não vou ser hipócrita: o jogo estava difícil para nós e conseguimos o empate, claramente, por tudo o que se passou. O Estoril Praia ficou sem dois atletas, um jogador da frente foi para a baliza e nós aproveitámos, claramente. Não põe a verdade desportiva em causa, agora que nos ajudou no empate, claramente.
[Não conseguir segurar a vantagem] É difícil [explicar], podia dizer que é pelo nosso momento, pela desconfiança, mas acho que isto, e tenho dito já muitas vezes, a este nível temos de ter maturidade para perceber os vários momentos do jogo.
Há várias fases dentro do jogo, acho que na primeira parte fomos superiores, o Estoril Praia não teve nenhuma oportunidade, nós tivemos algumas chegadas, fizemos golo. A entrada na segunda parte também foi equilibrada, sem o Estoril Praia criar grandes oportunidades, e depois sofremos um golo de bola parada, o que tem acontecido ao longo da época.
Não é por falta de trabalho, vos garanto, mas aconteceu. Não estamos cá para apontar o dedo a ninguém, acho que o erro é coletivo, mas é uma situação que nos tem tirado muito do jogo. Perdemos dois pontos, claramente, porque o objetivo era ganhar depois da vitória em Vizela, ficou a faltar menos uma jornada e ficou mais difícil”.
Nota: O treinador do Estoril Praia, Vasco Seabra, não compareceu na sala de imprensa.