Portugal marca presença a partir de hoje no salão "Partir Etudier a l'Étranger",em Paris, e muitos lusodescendentes vieram saber mais sobre as universidades e politécnicos nacionais, descobrindo a possibilidade de integrar o ensino superior num regime especial.

"Eu tenho origem portuguesa e queria saber quais as possibilidades de estudar lá. Sei que em Bragança há uma boa escola e nunca tive oportunidade de saber mais. Vim exatamente para saber mais detalhes", disse Julie, jovem francesa de origem portuguesa, em declarações à agência Lusa.

Tal como Julie, que veio desde a Borgonha até Paris para participar no salão "Partir Etudier a l'Étranger", que se realiza até domingo, muitos lusodescendentes passaram esta manhã no espaço dedicado a Portugal que visa promover o país junto dos jovens franceses que querem prosseguir os estudos no ensino superior.

As amigas Clara, Lola, Oriane, Farah, todas de 14 anos, têm raízes portuguesas e querem prosseguir os estudos superiores em Portugal, sendo incentivadas pelos pais para esta mudança de vida.

"Adoramos o país e a cultura portuguesa. Não conhecemos muita coisa das universidades portuguesas e queremos saber mais. Os nossos pais encorajam-nos", afirmaram.

Nem Julie, nem o grupo de amigas de origem portuguesa, conheciam o contingente de cerca de 3.500 vagas destinado ao acesso de lusodescendentes no ensino superior português. Esta é uma situação generalizada, já que em 2020 apenas um sétimo destas vagas foram preenchidas, uma situação que as autoridades portuguesas querem corrigir.

"Portugal, que já foi muito um país de emigrantes, e continuamos ter pessoas que saem do país, está a dizer às suas comunidades que voltem a Portugal", disse a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes.

De forma a integrar este contingente, um aluno com origens portuguesas em França tem de pedir equivalência do seu certificado de conclusão dos estudos secundários francês junto de qualquer escola secundária em Portugal e um certificado de residência em França junto de um consulado de Portugal, que comprove as suas origens lusas. As instituições portuguesas de ensino superior não pedem, em geral, qualquer certificado de conhecimento de português.

Para o secretário de Estado do Ensino Superior, João Sobrinho Teixeira, também presente em Paris, a adesão dos lusodescendentes a este contingente "tem aumentado", mas é preciso motivar os estudantes a integrarem outras opções, como o programa Erasmus. "Esperamos conseguir ter cada vez mais lusodescendentes a estudar em Portugal", disse o governante.

Neste salão estão presentes nove politécnicos (Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Portalegre, Porto, Setúbal, Viana do Castelo e Viseu) e sete universidades (Aveiro Évora, Minho, Porto, Trás-os-Montes e Alto Douro, Universidade Europeia e Universidade Católica), que querem atrair os estudantes franceses, especialmente os de origem portuguesa, para os seus auditórios.

Uma das vantagens propostas aos alunos de origem portuguesa é exatamente ter um número de vagas destinadas só a eles.

"Os politécnicos têm uma estratégia de promoção concertada no estrangeiro, junto das comunidades portuguesas porque existem contingentes específicos nos acessos às licenciaturas e, desse ponto de vista, é fundamental dar a conhecer a realidade dos politécnicos", disse Pedro Dominguinhos, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos.

Muitos lusodescendentes, assim como franceses sem relação particular a Portugal, também se aproximaram das universidades presentes, relatando que o custo de vida mais baixo é um factor de atração.

"Perguntam-nos quanto custa a propina, qual é a forma de ingresso. Têm-nos vindo procurar também muitos filhos de emigrantes. Dizem-nos que o custo de vida é mais acessível e há um factor de atratividade porque Portugal está na moda", relatou Cristina Reis, professora de Engenharia Civil, que está no salão a representar a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Os pedidos de esclarecimento vêm sobretudo de alunos com interesse nas áreas da ciência, tecnologia e engenharias, uma tendência confirmada por Mafalda Macedo, da Direção Geral do Ensino Superior (DGES).

"Muitos estudantes franceses demonstram interesse em vir estudar para Portugal. Querem vir para Medicina, alguns para o Porto, outros para Coimbra, até porque já conhecem o país", disse a diretora do serviço de acesso ao ensino superior da DGES.

O salão "Partir Etudier a l'Étranger" vai prolongar-se até domingo e a participação especial de Portugal está a ser coordenada pela associação Cap Magellan, que reúne os jovens lusodescendentes em França, que vai trazer até à mostra três tunas: a tuna Feminina do ISCAP, a tuna Académica de Biomédicas e a tuna da Universidade Católica do Porto.



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