O município de Mogadouro vai avançar com a recuperação de 32 bodegas (adegas) subterrâneas em Urrós, num projeto tripartido, dotado de mais 1,1 milhões de euros, que junta entidades transfronteiriças, disse hoje o presidente da câmara.

Deste montante, o município e Mogadouro que é a entidade “chefe de fila” neste projeto transfronteiriço, vai investir 666.666 mil euros nas bodegas em Urrós, um património concelhio que se perde no tempo e na história desta aldeia raiana.

De acordo com o autarca de Mogadouro, António Pimentel, uma das prioridades é a recuperação deste património ancestral ligado ao setor do vinho existente nesta aldeia, para depois criar uma rota turística no espaço da fronteira Luso-espanhola, no Douro Internacional.

“Pretendemos fazer nestes espaços, depois de recuperados, várias iniciativas ligadas ao ecoturismo, à gastronomia, entre outros eventos culturais e sociais ao nível raiano”, vincou à Lusa o autarca social-democrata, do distrito de Bragança.

Segundo António Pimentel, “o projeto está concluído há muito tempo, sendo que ao nível da execução foi necessário alguns recondicionamentos à ideia inicial, devido ao seu elevado montante".

“O contrato de execução será assinado ainda esta semana entre as partes envolvidas nesta iniciativa transfronteiriça, que tem o município de Mogadouro como chefe de fila ”, frisou.

Já Fermoselle, em Zamora, vai investir a sua quota-parte no valor de 203.947 euros para fazer o mapeamento do subsolo desta vila espanhola, onde se crê que haja mais de um milhar de bodegas, numa cultura milenar.

O alcaide de Fermoselle, José Manuel Pilo, avançou à Lusa que na sua localidade se irá proceder um levantamento a três dimensões de todo o subsolo desta vila espanhola.

“A ideia é fazer um raio x de todas as galerias subterrâneas de Fermoselle que abrangem, praticamente, todo o seu núcleo urbano. Estamos a crer que debaixo de terra haja mais de mil bodegas, mas não há um cadastro concreto, porque ainda estamos em investigação. Até agora são cerca de 800 estruturas conhecidas, algumas com mais de mil anos”, explicou.

Por seu lado, o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Duero - Douro tem 246.501 euros para fazer a divulgação e promoção deste ativo turístico e cultural no espaço peninsular.

O diretor geral do AECT Duero- Douro, José Luís Pascoal, avançou que este organismo tem a missão da divulgação de uma marca territorial de valor cultural no espaço da Península Ibérica, através deste projeto comum aos dois territórios.

“O projeto definido para Mogadouro e para Fermoselle são uns dos motores de desenvolvimento, deste território de fronteira, em que o AECT vai levar e divulgar por todo espaço comunitário e ibérico. A nossa obrigação passa por desenvolver o marketing territorial, que não temos dúvidas que se vai tornar um destino turístico muito procurado”, esclareço o responsável ibérico.

O AECT representa mais de 200 entidades públicas e privadas da raia fronteiriça do Douro, do Nordeste Transmontano e Beira Interior, do lado Português. Do lado de Espanha está o território entre Zamora e Salamanca.

O projeto ibérico tem o apoio do programa “Interreg España-Portugal (POCTEP)” que promove projetos de cooperação transfronteiriça, com o apoio da União Europeia, no montante global de 1.117.115,43 euros.

Neste projeto participam ainda como parceiros, o Turismo do Porto e Norte e a Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás os Montes (CIM-TTM), entre outras, sem qualquer tipo de investimento.

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Segundo o Blog "Urrós Mogadouro"

Bodegas

São túneis encravados no solo, constituído por rocha mole, que foram sendo escavados e consecutivamente alargados pelos próprios donos, adquirindo uma forma alongada.

As dimensões médias destes espaços são de 2/4 metros de área e terão pouco mais de 2 metros de altura, com o tecto em abóbada.

A sua construção remonta sensivelmente aos anos 30 e 40 do século passado, com a finalidade de armazenarem o vinho durante o período de verão, dado não existirem frigoríficos e as temperaturas nesta época do ano serem muito elevadas. Parafraseando o escritor transmontano, por aqui são “nove meses de inverno e três de inferno”.

Pelas suas características, estes locais dispõem de um sistema de climatização e arejamento natural que leva a que o vinho se mantenha sempre a uma temperatura relativamente baixa.

O interior conta com espaço para 2 pipas, uma de cada lado, com capacidade para 100 a 150 litros cada tendo algumas, um arco a meio a separar dois espaços contíguos. Aí, repousa e refresca no período de veraneio o afamado néctar do deus Baco.

À medida das necessidades do consumo as pessoas deslocam-se às bodegas, que se situam próximo do povoado, de garrafão na mão para reporem os stoks frescos em casa.

Hoje, encontram-se quase todas “fora de serviço” embora algumas tenham sido já recuperadas e utilizadas para lanches de confraternização e convívio entre grupos de amigos.

Actualmente, gostava que este “património” fosse recuperado e melhorado para, deste modo, poder ser visto e apreciado turisticamente, dado nas redondezas não se conhecerem exemplares semelhantes.



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