O presidente da Câmara de Mogadouro, no distrito de Bragança, garantiu hoje que a água das piscinas municipais é de qualidade, de acordo com os resultados obtidos nas análises efetuadas regularmente.

“O que posso dizer aos mogadourenses é que a água das piscinas [Mogadouro e Cardal do Douro] é de qualidade face às análises efetuadas através de um plano existente para estes equipamentos”, afirmou à Lusa António Pimentel.

O autarca falava à Lusa a propósito da notícia de hoje do Correio da Manhã (CM) sobre o processo Gota d’Água, que dá conta de que “as piscinas de Mogadouro deviam ter sido interditadas devido aos altos níveis de coliformes (bactérias indicadoras de contaminação fecal)”.

“Para já, procedemos à contratação de serviços de um novo laboratório de análises à água com o qual estamos a cumprir o plano e controlo apresentado na ERSAR [Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos]”, sublinhou.

Adiantou que a câmara vai proceder à instalação de novos equipamentos de controlo de cloro para a injeção na água, de acordo com as propostas de um consultor para esta área.

António Pimentel referiu que, antes da operação Gota d’Água, ocorrida em novembro e que teve por objeto “a atividade “fraudulenta de um laboratório responsável pela colheita e análise de águas” destinadas a consumo humano, águas residuais, águas balneares, piscinas, captações, ribeiras, furos e poços, a informação que o município recebia do Laboratório de Trás-os-Montes era a de que “a água era boa para utilização humana”.

O autarca social-democrata acrescentou que “anualmente os serviços da autarquia apresentavam um plano de controlo da água à Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR)”.

“Para cumprir este plano da ERSAR, adjudicámos ao Laboratório de Trás-os-Montes o controlo da água no concelho. Quero lembrar que, em Mogadouro, o pessoal do Laboratório de Trás-os-Montes que vinha colher as amostras [da água] era acompanhado por um técnico ligado ao setor das águas do município. Agora se houve adulteração de resultados do laboratório, a responsabilidade é do laboratório”, vincou António Pimentel.

Para António Pimentel, foi “uma surpresa desagradável” ter conhecimento da atividade alegadamente fraudulenta do laboratório, já que se tratava de uma estrutura na qual “50% do capital era de autarquias, embora a gestão fosse da empresa que detinha os outros 50%”.

“Nós cumprimos sempre o plano que é aprovado anualmente pela ERSAR. E mais, se alguma anomalia aparecia numa análise, nós reportávamos essa anomalia à ERSAR”, vincou.

Questionado pela Lusa, António Pimentel disse que nunca desconfiou dos resultados das análises, justificando que “as anomalias eram reportadas à entidade reguladora e procurava-se corrigir e pedir uma contra-análise”.

O CM conta que “a forma como o Laboratório de Trás-os-Montes ‘martelava’, na sua própria linguagem, o resultado das águas de consumo e residuais pôs em risco, durante anos, a saúde pública, não apenas da região transmontana, mas de muitas outras zonas do país”.

No âmbito deste processo, que colocou em prisão domiciliária a diretora do laboratório em causa, a ERSAR suspendeu a entrega do “selo da qualidade exemplar de água para consumo humano” de 2023 a oito fornecedores, de acordo com o jornal Público.

Em causa está o facto de estas entidades recorrerem ao laboratório de Mirandela, que em 27 de novembro anunciou a suspensão por tempo indeterminado da sua atividade.

No âmbito da operação Gota d'Água, a Polícia Judiciária deteve 20 pessoas - mas o processo ficou depois com 19 arguidos detidos - e realizou 60 buscas a entidades públicas e privadas.



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