A nova presidente da Câmara de Montalegre apontou como prioridade estancar a sangria demográfica, reforçou a aposta nas iniciativas âncora Feira do Fumeiro e sexta-feira 13 e disse que o município deu um “parecer desfavorável” à mina de lítio.

Fátima Fernandes (PS) assumiu há duas semanas a presidência da Câmara de Montalegre, no distrito de Vila Real. Aos 57 anos, tornou-se na primeira mulher a ocupar o cargo neste município, o que aconteceu depois da renúncia do ex-presidente Orlando Alves.

Orlando Alves e David Teixeira, ex-vice-presidente, renunciaram aos mandatos depois de terem sido detidos a 27 de outubro pela Polícia Judiciária (PJ), no âmbito da operação Alquimia que investigou contratos públicos e uma alegada beneficiação a familiares e amigos na adjudicação de obras.

O agora novo executivo municipal de Montalegre vai manter a mesma estrutura: presidente (Fátima Fernandes), vice-presidente (Ana Isabel Dias) e um vereador a tempo inteiro (Jorge Fidalgo). O PS ganhou as eleições em 2021 e conquistou quatro mandatos, enquanto o PSD conquistou três mandatos.

Fátima Fernandes era vereadora a tempo inteiro e integrava o executivo municipal desde 2005

À agência Lusa, a presidente assumiu hoje como prioridade estancar a “sangria demográfica” que também atinge este concelho do Interior e frisou a aposta em “políticas que vão ao encontro do emprego e da juventude”.

Disse que Montalegre “é um concelho cheio de potencialidades” e que é, também, “preciso que a população acorde para essas potencialidades”.

Nos últimos anos, o município tem apostado na promoção dos produtos endógenos e na realização de eventos que atraem visitantes ao território.

Eventos considerados “âncora” são a sexta-feira 13, a noite das bruxas que se transformou numa das maiores festas de rua do país e a Feira do Fumeiro. Ambas acontecem em janeiro.

“Vão manter-se e já estão em bom ritmo, já está tudo a ser preparado para receber as milhares de pessoas que nos visitam nesses dias”, afirmou, destacando que a feira do fumeiro vai acontecer num contexto pós-pandemia de covid-19.

“Podemos voltar a apostar na praça de degustação e diversão, porque a comida acompanhada com música e acompanhada com animação faz toda a diferença”, salientou.

A exploração mineira tem sido um tema polémico em Montalegre, onde populares contestam a mina de lítio que a empresa Lusorecursos quer instalar perto da aldeia de Morgade.

Questionada sobre este assunto, Fátima Fernandes disse que a sua posição já foi anunciada em reunião de câmara.

“Seria abusivo da minha parte emitir opiniões sobre matérias que não conhecia. Portanto, com toda a serenidade, esperei que fosse publicado o Estudo de Impacte Ambiental (EIA), esperei pelos pareceres de académicos reputados de duas universidades que fizeram a análise a esse EIA e, perante a análise das duas academias, não poderia ter um parecer favorável e foi isso exatamente que foi à reunião de câmara e a câmara foi unânime em dar um parecer desfavorável”, afirmou.

As academias foram a Universidade de Lisboa e a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Este é um assunto ao qual diz que vai estar “muito atenta”.

“Mas é preciso também que não se enganem as pessoas. É preciso que as pessoas saibam que os recursos do subsolo são do Estado e, portanto, compete ao Estado gerir e olhar pelos interesses das pessoas. Nós estamos aqui para defender os interesses patrimoniais dos nossos munícipes e nisso vamos ser intransigentes”, acrescentou.

Este ano, a barragem do Alto Rabagão foi notícia pela descida abrupta do nível da albufeira e é com agrado que a presidente diz que “está a recuperar” graças à chuva que tem caído.

Esta é, no entanto, uma albufeira com uma grande dimensão e a subida do nível da água tem sido lenta.

“Anseia-se pelo postal magnífico característico de Montalegre”, salientou, recordando que a albufeira é uma atração turística do concelho.

Em maio, segundo Fátima Fernandes, deverá estar concluído o Centro SIPAM que quer valorizar o Barroso Património Agrícola Mundial.

O Barroso, que se estende por Boticas e Montalegre, foi incluído em 2018 na lista dos Sistemas Importantes do Património Agrícola Mundial do Barroso (GIAHS/SIPAM).

“Vai ser um projeto dos mais importantes do país, não tenho qualquer dúvida, desde logo porque traz investigação e conhecimento que também nos pode dar respostas a estas problemáticas sociais e de população que enfrentamos”, salientou.

Quanto à detenção dos ex-autarcas, Fátima Fernandes já tinha dito que “à justiça o que é da justiça, à gestão autárquica o que é da gestão autárquica”.



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