O presidente do PSD fez um balanço positivo dos três dias que passou no distrito de Bragança no âmbito da iniciativa "Sentir Portugal", afirmando haver condições para ter um país mais justo, equilibrado e criar oportunidades no interior.
“Apesar de querermos manter um horizonte de esperança para quem reside e trabalha no interior, mas há falhas de compromisso ao longo dos anos por parte dos sucessivos governos, em particular do que está em funções há oito anos, que tem falhado do que diz respeito a criação de emprego e fixação de pessoas”, disse Luís Montenegro no decurso de uma visita à Estrutura Residencial para Idosos da Santa Casa da Misericórdia de Mogadouro.
O líder do PSD disse ainda que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem colocado de lado todo o investimento na área social, setor onde foram criadas expectativas e feitos projetos.
“Não há um tratamento diferenciado que atenda às características dos territórios de interior. O provedor da Misericórdia de Mogadouro deu-me conta de que o apoio que recebe [da Segurança Social] para ter o apoio domiciliário na rua é igual ao que recebe uma instituição com sede no Porto ou em Lisboa e que aqui os percursos são muito maiores havendo a necessidade de percorrer 900 quilómetros por dia para chegar aos utentes”, disse.
Por outro lado, Luís Montenegro afirmou que o que mais o preocupa é que os territórios estão cada vez mais despovoados e mais envelhecidos, que precisam de mais atividade económica e mais dinâmica, de emprego e de oportunidades.
“O que nós temos assistido é que nas principais áreas de atividade há um abandono efetivo, como é caso do setor agrícola em levar os projetos por diante, excesso de burocracia, pequenas obras que são necessárias na área do regadio que ficaram por fazer que limitam fortemente quer a atividade agrícola quer pecuária, também o pouco ordenamento florestal ficando o território mais exposto aos incêndios rurais ”, elencou o líder social-democrata.
Montenegro afiançou ainda que neste território verificam-se alguns bloqueios no setor do turismo provocados por fundamentalismo ambientais.
“Na balança do equilíbrio da proteção ambiental e a vida comunitária das pessoas não pode haver uma preponderância da parte ambiental. Eu vi projetos que ficaram na gaveta por fundamentalismo ambientais e vi a albufeira do Baixo Sabor que um volume de água muito significativo e que compre a finalidade da produção hidroelétrica, mas fico perplexo, como os poderes públicos não capazes de aproveitar esta água para o regadio, rematou Montenegro.
Luís Montenegro considerou que existe demasiada “tecnocracia” nestes territórios do interior, como é o distrito de Bragança.
“O Portugal que eu quero tem de ser mais político e menos tecnocrata. A política serve para nós cumprirmos os objetivos da nossa ação e assim pretendo que as regiões tenham as mesmas oportunidades”, frisou.
No campo fiscal, Luís Montenegro é da opinião de que não se cobrem impostos às empresas que se instalem no interior, com relevância para aquelas que assumirem o compromisso de criarem empregos durante 15 ou 20 anos.
“Fica mais barato cobrar imposto zero do que andar a pagar subsídios para as pessoas se manterem no interior e andar alimentar edifícios e serviços públicos que não estão a ter aproveitamento em relação aos investimentos feitos”, indicou.
O líder do PSD considerou ainda que o Estado não garante a coesão territorial e que é preciso uma “discriminação positiva-agressiva” para os territórios de baixa densidade.