O presidente da Câmara na Valpaços, Amílcar Almeida, disse hoje que vai suspender o cargo após a tomada de posse como deputado eleito nas listas da Aliança Democrática (AD) por Vila Real nas legislativas de domingo.
O autarca social-democrata retomou na segunda-feira as funções na câmara, depois da campanha eleitoral e das eleições, e disse hoje à agência Lusa que ficará em Valpaços até ao momento em que for chamado para tomar posse na Assembleia da República (AR).
“Irei suspender as funções porque as funções para as quais os valpacenses me deram confiança terminam em setembro de 2025. Aceitei o desafio para poder representar o distrito na AR por entender que, face à minha experiência, posso dar um contributo para o distrito. Todavia são muitas coisas que não estão nas nossas mãos, não sabemos a estabilidade governativa que vamos ter ou como vai ser a adaptação, como tal, não vou renunciar, mas unicamente as suspender as funções”, afirmou.
Amílcar Almeida encabeçou a lista da AD pelo círculo eleitoral de Vila Real.
O deputado eleito disse, no entanto, que tudo fará para poder corresponder aos objetivos traçados pela AD, coligação que junta o PSD, CDS-PP e o PPM, no sentido de defender as causas da região.
A AD foi a força partidária mais votada em Vila Real, ganhou em 11 dos 14 concelhos do distrito e elegeu dois deputados (Amílcar Almeida e Alberto Machado), o mesmo número que o PS (Fátima Correia Pinto e Carlos Silva).
O quinto mandato do círculo eleitoral transmontano foi atribuído ao Chega, que elegeu a ex-deputada social-democrata Manuela Tender.
Nas eleições de 2022, o PS elegeu três deputados e o PSD dois.
Este é um distrito que vota tradicionalmente à direita e, desde as primeiras eleições livres após o 25 de Abril, o PS apenas conseguiu ganhar ao PSD nas maiorias absolutas dos socialistas José Sócrates (2005) e António Costa (2022).
“Somos o segundo distrito com melhores resultados a nível nacional (…) Agora, se tivermos oportunidade de governar com estabilidade, mostrar no dia-a-dia que vamos trabalhar para as pessoas, pelas pessoas e olhando para este território do interior de forma bem diferente do PS”, salientou.
Amílcar Almeida apontou como uma das principais causas para o distrito a saúde e disse que o modelo de Unidade Local de Saúde de Trás-os-Montes e Alto Douro criado em janeiro, com centralidade em Vila Real, não responde da melhor forma a toda a população dos 21 concelhos servidos por esta unidade e, por isso, defendeu a criação da ULS do Alto Tâmega, com centralidade no Hospital de Chaves.
Destacou ainda o setor agrícola, que classificou como o “coração de Portugal”, defendeu o curso de medicina na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e elencou a necessidade de atrair e fixar jovens neste território.
Nas legislativas antecipadas de domingo e a nível nacional, a AD, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).
A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.
Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, o que só acontece no dia 20 de março. Só depois dessa data, e de ouvir os partidos com representação parlamentar, o Presidente da República indigitará o novo primeiro-ministro.