O projeto "LIFE Aegypius return - expansão da população de abutre-negro”, pretende duplicar o número de casais desta espécie nos próximos cinco anos no interior raiano, com um investimento de 3,7 milhões para os próximos cinco anos.
“O projeto ‘LIFE Aegypius return’ é um projeto ambicioso que se vai desenvolver ao longo de toda a zona raiana portuguesa, desde o Douro Internacional até ao Alentejo, e conta com dotação de 3,7 milhões para cinco anos e pretende duplicar o número de casais de abutre-negro que atualmente são 40”, disse hoje a Lusa José Tavares, diretor da Vulture Conservation Foundation.
O projeto será apresentado hoje em Freixo de Espada à Cinta, distrito de Bragança, e contará com a presença de nove entidades entre as quais a Vulture Conservation Foundation, Palombar, Herdade da Contenda, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Liga para a Proteção da Natureza, Associação Transumância e Natureza, Fundación Naturaleza y Hombre, GNR e Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade.
“Atualmente, há no território raiano 40 casais de abutre-negro, sendo o principal objetivo chegar aos 80 casais e aumentar o número de colónias daqui a cinco anos, em Portugal, tempo de duração do projeto ‘LIFE Aegypius return’”, concretizou o ambientalista.
Esta iniciava ambiental resulta de um consórcio que junta Portugal e Espanha e dezenas de parceiros e pretende garantir um estado de conservação favorável do abutre-negro em Portugal, uma espécie atualmente ameaçada de extinção.
“Vamos trabalhar para preservar a colónia de abutre existente em Portugal e aumentar este número durante o projeto, e ao mesmo tempo potenciar o assentamento da espécie em outros locais onde ela não cria, havendo a possibilidade de isso poder vir a acontecer em vários locais fronteiriços do interior”, enfatizou José Tavares.
De acordo com José Tavares, o trabalho com os vizinhos espanhóis é importante, através de uma entidade que faz parte do consórcio, a Fundación Naturaleza y Hombre.
“O abutre-negro é uma das quatro espécies de abutre europeias, a qual chegou a estar extinta como espécie nidificante em Portugal, nos anos 70 e 80 do século passado. Nos últimos 20 temos assistido a uma recuperação destas aves necrófagas em colónias muito próximas à fronteira com Espanha entre o Douro internacional e o Alentejo”, frisou José Tavares.
“O principal inimigo desta espécie de aves são os venenos utilizados na agropecuária para dizimar predadores ou atividades cinegéticas que utilizam munições com chumbo o que também provoca envenenamentos. Para duplicar a população de abutre-negro é preciso desenvolver um trabalho conjunto para a erradicação de venenos”, disse o especista em avifauna necrófaga.
Em 2010 o abutre-preto voltou a nidificar em Portugal, no Parque Natural do Tejo Internacional. Em 2012, registou-se o primeiro casal nidificante no Parque Natural do Douro Internacional e, em 2019, o segundo.
Esta espécie só tem uma cria por época de reprodução, o que a torna ainda mais vulnerável no que se refere ao seu sucesso reprodutor. Por ter uma população extremamente reduzida, o abutre-negro está classificado como “Criticamente em Perigo” em Portugal.
Este projeto é financiado em 75% por fundos europeus e os restantes 25% pelos parceiros do consórcio ibérico, sendo a iniciativa liderada pela Vulture Conservation Foundation, uma organização europeia que se dedica à preservação de abutres.
Foto: Palombar