Um surto no Agrupamento de Escolas de Murça, com 15 casos positivos de infeção pelo novo coronavírus e 135 pessoas em isolamento, preocupa a comunidade local, que defende um reforço de medidas e até um encerramento temporário.
Paula Mesquita, presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação, disse à agência Lusa que os pais estão preocupados com a situação e que, por isso, solicitaram uma "reunião urgente" do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas de Murça, que está marcada para o final da tarde de hoje.
De acordo com dados publicados segunda-feira no ‘site’ do agrupamento, há 15 casos positivos de infeção pelo novo coronavírus naquele estabelecimento de ensino: 12 alunos de diferentes níveis de ensino (1.º, 2.º e 3.º ciclos e secundário) e três professores. Em isolamento profilático encontram-se 135 pessoas e os alunos estão a ter aulas à distância.
Paula Mesquita explicou que a reunião, que decorrerá ‘online’, servirá para fazer um balanço da “real situação” e de medidas a tomar ou reforçar e referiu ainda que há pais que defendem o encerramento temporário das diferentes unidades de ensino que constituem este agrupamento.
“E que haja um período de quarentena para toda a comunidade escolar, para que o regresso possa ser feito com confiança”, acrescentou.
O presidente da Câmara de Murça, Mário Artur Lopes, referiu que o executivo municipal tem estado a acompanhar, de uma forma “muito próxima”, a evolução epidemiológica na comunidade escolar.
Questionado sobre um encerramento temporário das escolas neste concelho, que integra a lista de 121 sujeitos a partir de quarta-feira a medidas mais restritivas para conter a covid-19, o autarca considerou que poderia “acrescentar segurança”.
“Se essa é uma medida que acrescenta aqui segurança, eu pessoalmente acho que sim. Acho que um encerramento durante 15 dias podia surtir aqui um efeito de eliminação da propagação entre a comunidade escolar”, defendeu.
A decisão de fechar os estabelecimentos de ensino cabe à Direção-Geral da Saúde (DGS).
Contactado pela Lusa, o diretor do Agrupamento de Escolas de Murça, José Alexandre Pacheco, referiu que o surto está a ser acompanhado pela Autoridade de Saúde e que estão a ser “rigorosamente” cumpridos os planos de contingência e de higienização.
O responsável referiu ter solicitado “à hierarquia um reforço de medidas” e explicou que os primeiros casos foram detetados a 16 de outubro e que o pico se verificou entre os dias 28 e 30.
“Nós estamos a acompanhar a situação com preocupação e em total interligação com a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEST), com o Ministério da Educação e as Autoridades de Saúde procurando as melhores respostas. Estamos a lutar”, frisou.
O presidente Mário Artur Lopes, que está a terminar o período de isolamento depois de ter feito um teste positivo ao novo coronavírus, que provoca a covid-19, referiu que estão a ser feitos “muitos testes no concelho” para "identificar casos" e "estancar a disseminação" e disse que há, no total do concelho, 188 pessoas em isolamento e 29 casos ativos.
O município do distrito de Vila Real contabiliza 73 casos positivos desde o início da pandemia.
Também o vice-presidente da autarquia e uma vereadora deram positivo ao novo coronavírus.
Mário Artur Lopes apelou ao reforço dos cuidados de prevenção na transmissão do vírus, como o uso de máscara, distância social e higienização das mãos e superfícies e considerou que “o corte das cadeias de transmissão do vírus está em cada um”.
“Obviamente que estou preocupado, atento e sempre disponível para por ao serviço da nossa comunidade todos os recursos que temos à disposição, sejam materiais, financeiros, recursos humanos ou conhecimento”, afirmou.
O autarca lembrou que a câmara “está no terreno” desde o início da pandemia de covid-19 a apoiar a população e lembrou que os serviços estão a proceder à desinfeção dos espaços públicos.
Disse ainda que a câmara decidiu manter a realização da feira quinzenal com o reforço das medidas de segurança.
Foto: António Pereira