Quatro jovens trocaram as férias pelo voluntariado e neste verão assumiram a missão de sensibilizar a população das aldeias de Alijó para a poupança de água, um concelho do distrito de Vila Real também afetado pela seca extrema.

A mensagem vai ser repetida insistentemente pelas cerca de 50 aldeias do concelho de Alijó, mas a campanha de sensibilização também é dedicada à prevenção de incêndios e à correta deposição de ‘monstros’ e resíduos urbanos, “três realidades que assumem ainda maior relevância nos meses de verão”.

“É mesmo muito importante poupar água e daí estarmos sempre a enfatizar esta ideia. Algumas medidas são, por exemplo, não lavar terraços, não encher piscinas, não lavar carro. Usar a água só no estritamente necessário”, afirmou Sofia Gouveia, 21 anos, aos vários populares com que se cruzou na aldeia de Perafita.

Os jovens distribuem folhetos, abordam os residentes das aldeias, os mais idosos e também os muitos que ali estão, por estes dias, em férias.

“Como ao longo do ano estou na universidade aproveito agora, que estou aqui de férias, para fazer voluntariado e ajudar as pessoas. Este ano estamos a sensibilizar para a necessidade de poupar água”, disse à agência Lusa a estudante de Direito.

Francisco Chaves, 23 anos, é estudante de mestrado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e há cinco anos que participa no programa Voluntariado Jovem para a Natureza e Florestas da Câmara de Alijó.

“Tenho tempo para trabalhar, para estar com os meus amigos, para sair e me divertir, há tempo para tudo. Acho que este ano a missão ainda é mais importante, uma vez que o nosso concelho está a ser muito afetado por esta falta de água e é muito importante sensibilizarmos as pessoas para poupar”, salientou.

Júlio Frazão tem 23 anos e está de férias na aldeia, de onde chegou proveniente de França, e ouviu a mensagem deixada pelos voluntários.

“Para mim é normal poupar água e não gastar. Hoje a água é um bem muito importante e tem que se poupar”, disse o jovem.

Helena Vaz, de 59 anos e residente nesta aldeia da freguesia de Vila Verde, comentou que a situação “está complicada”.

“Por enquanto ainda não sentimos a falta de água, mas é preciso fazer cuidado, a seca é muito grande. Em casa gasto pouca água, tenho o cuidado de não deixar correr a torneira muito tempo e já não faço grandes lavagens”, referiu.

O presidente da junta de freguesia, Toni Afonso, referiu que se verificam dificuldades em algumas localidades, nas quais também aumentaram os consumos com a vinda dos emigrantes.

A água ainda não faltou nas torneiras, mas, por exemplo, na aldeia de Vale de Agodim, o reabastecimento dos depósitos já está a ser feito pelos bombeiros há cerca de dois meses porque a nascente secou.

“Vamos pedindo insistentemente às pessoas para pouparem água e, agora, temos esta iniciativa por parte da câmara para sensibilizar, mais uma vez, a população para os gastos desnecessários de água”, afirmou, pedindo uma “contenção nos gastos também nos dias de festividades” que se fazem pelas aldeias.

O vice-presidente da Câmara de Alijó, Vítor Ferreira, explicou que, este ano, o município aproveitou o programa que se realiza anualmente para fazer, junto da população, uma divulgação de “maior proximidade”, a qual já estava a ser feita, desde fevereiro, através das redes sociais e das juntas.

“Porque efetivamente estamos com um problema muito grave e muito significativo com a falta de água para o resto do verão”, frisou, adiantando que a população “duplica e, em alguns casos, triplica” com o regresso dos emigrantes nesta altura.

Segundo o responsável, no concelho as aldeias que são abastecidas pela rede geral, através da barragem de Vila Chã, gerida pela Águas do Norte, “não têm, neste momento, problemas”.

“Onde vamos tendo alguns problemas é nas 10 localidades que têm sistemas autónomos que não estão ligados a esta rede. Nomeadamente em quatro dessas 10 já vamos tendo que fazer abastecimentos, alguns diários, outros bidiários, mas temos que fazer reforço uma vez que as nascentes estão a fraquejar”, explicou.

A barragem, apontou, “é uma preocupação”, referindo que está com 35% da sua capacidade de armazenamento e lamentando que, no inverno, não se tenha retomado o abastecimento a partir de nascentes desativadas (após a adesão ao abastecimento em alta pelas Águas do Norte) para, agora, a albufeira servir “de reserva”.

Com o financiamento da Agência Portuguesa do Ambiente, o município vai adquirir um camião cisterna para os reabastecimentos.



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