Pedras de Revides e da Ferradura são achados históricos preservados na freguesia
Eucísia, no concelho de Alfândega da Fé, é conhecida pelas lendas das feiticeiras e pelo património histórico e arqueológico que guarda ao longo dos anos.
Pelas ruas da aldeia encontramos pessoas, na sua maioria idosas, que recordam os tempos em que os jogos de roda e o convívio preenchiam os seus dias. Os tempos de antigamente permanecem gravados na memória, tal como as lendas que associam a localidade a “terra de feiticeiras”.
“Ouvi contar a lenda das feiticeiras aos antigos. Diziam que veio para cá um padre que se embebedou, e, no dia seguinte, acordou na loja de um cavalo. Então espalhou que foram as bruxas que o levaram para lá”, explicou Adélia Monteiro, de 67 anos.
A partir daí, quem passava por Eucísia temia o poder das feiticeiras e alguns até traziam trovisco para as afugentar. “Contava-se que passou por aqui um homem a cavalo num burro que trazia um ramo de trovisco. As mulheres de cá sentiram-se ofendidas e juntaram-se todas para bater ao forasteiro”, recorda Maria Alice, outra habitante.
O tempo passa devagar numa localidade caracterizada pelo sossego e pela calma transmitida pela natureza. Os habitantes de Eucísia realçam, com orgulho, que a beleza das paisagens e a água em abundância são as principais riquezas desta terra, que viu partir a juventude para terras longínquas.
“Aqui não há emprego. A única fonte de rendimentos é a agricultura. Foi isso que levou os jovens a emigrar”, lamenta o presidente da Junta de Freguesia de Eucísia, José Carlos Pimentel.
A criação de um centro de convívio para idosos é um dos projectos reivindicados para a aldeia
O olival, o amendoal, o sobreiro e alguma vinha são as principais actividades lucrativas das cerca de 150 pessoas que residem em Eucísia e em Santa Justa. “Temos cerca de 208 eleitores inscritos, mas a maioria encontra-se no estrangeiro”, acrescenta o autarca.
Para quem resiste na freguesia, José Carlos Pimentel afirma que faz falta um centro de convívio para amparar os idosos que, actualmente, passam o tempo nas suas casas. “As verbas são escassas e não dão para tudo. Mas é uma infra-estrutura que faz falta e para a qual temos espaço suficiente, tanto na sede da Junta como na antiga escola primária”, salienta o responsável.
A par das histórias, quem permanece na aldeia afirma que as mudanças que têm ocorrido ao longo dos tempos têm contribuído para a melhoria da qualidade de vida, mas lamentam a desertificação que assola a freguesia.
Depois da requalificação da igreja matriz, que se ergue no centro de Eucísia, é a vez da melhoria da estrada que liga a aldeia a Santa Comba da Vilariça, uma obra que já se encontra em curso.
Fonte atrai pessoas de todo o concelho
A água que jorra da fonte natural de Eucísia atrai pessoas de todo o concelho de Alfândega da Fé. “Corre durante todo o ano. No Verão é fresca e no Inverno é mais quente. Há muita gente que vem aqui buscar água”, afirma José Carlos Pimentel.
A riqueza da água da fonte junta-se ao valor arqueológico das pedras de Revides (Santa Justa) e da Ferradura (Eucísia).
Trata-se de dois achados históricos que, no futuro, podem atrair turistas a estas localidades. “Gostávamos que fosse criado um roteiro turístico no concelho, que incluísse as pedras, bem como os monumentos da freguesia”, concluiu José Carlos Pimentel.