Paulo Fidalgo
A filha mais velha e a moral da idade
No curso do meu crescente enjoo com a burrice saloia e desinformada, que agenda inutilidades diárias para discussões binárias e exaltadas nas televisões, fui interpelado pelo manifesto interesse da Filha nº1 em seguir alguns debates eleitorais nas TV.
O seu interesse não foi ocasional nem transitório, pois cuidou de espectar umas quantas vezes uns quantos assim chamados duelos e chegou ao desplante de me perguntar a quem iria eu regalar o meu voto.
Pressionado que ando com as praticabilidades empresariais e leituras de José Mattoso sobre Afonso Henriques, tinha decidido mudar de passeio sempre que me cruzasse com esses duelos verbais a que chamam debates, mas a curiosidade da primogénita culpou-me de absentismo e lá fui eu sentar-me com elas (entretanto juntaram-se mais duas) a ouvir os dois principais litigantes desta jornada democrática.
Em verdade vos digo: até a minha filha nº 4, de 6 anos, considera absurdo o papel do Estado na drenagem de rendimentos privados e na vertigem de gastos ilimitados em nome de um suposto interesse público que, década após década, se comprova ser uma interpretação pessoal e claramente abusiva de quem, em cada momento, governa.
Por isso, concidadãos da República Portuguesa e outros habitantes deste território chamado Portugal, tenho de dizer-vos que, em minha casa, o otimismo continuará a ser um dever mas infelizmente não é uma convicção.