Manuel Igreja

Manuel Igreja

A política no tempo certo

Otto Bismark, alemão e um dos mais influentes políticos europeus pelo seu poder, mas também pelo seu pensamento na segunda metade do século XIX, disse que a política é a arte do possível e que tudo na vida é política.

Sabemos também mais não seja por experiência própria, que se tudo é política na ação humana, em muito boa parte ela é feita de perceções acerca do que se promete, e do que se concretiza, tendo-se em atenção o contexto e os anseios dos governados.

Quer isso dizer, que é boa parte a política sendo imprescindivelmente feita de ideias, de teorias e de atitudes, dever adaptar-se ao transformar da sociedade. O que se diz e o que se faz, não pode advir de pensamentos cristalizados e amarrados a conceitos de muitos anos antes, mesmo que a realidade se não tenha alterado na sua essência.

Um operário de agora, tendo como missão de produzir para ter salário, perante o dever patronal de lho pagar porque lhe foi acrescentada a propriedade, não é de todo igual ao operário de outras eras com o seu fato-macaco manchado com óleo das maquinas ou sujo pelo carvão da mina. Veste uma bata com uma caneta no bolso.

Tendo a mesma luta e a mesma obrigação, tem mais mundo e aprecia que lhe falem de maneira diferente, Sabe dizer mais e ouvir melhor. Anseia e alcança muito mais, num crescendo que o leva a desejar mais ter, mais não o seja para afigurar mais ser. Conquista e esforça-se para obter o melhor para si e para os seus.

Vem daqui que se não percebem certos discursos e certas posturas dos comunistas portugueses, quase últimos resistentes dos tempos históricos das lutas operárias e herdeiros de ações políticas com resistências pagas com torturas, prisões, privações e mortes.

Mais não seja só por isso que não é pouco, devem ser respeitados, perdoando-se-lhes a miopia que os impediu de ver as atrocidades perpetradas nos países dos celebrados amanhãs que cantam onde supostamente tinham sido implementados os regimes que acabam com a exploração do homem pelo homem.

Foi o que se viu, mas eles acham que não foi vem assim. Continuam por isso denodadamente a defender os seus ideais não permitindo que existam mais por serem de mau efeito para a classe operária. Ocupam o palco representando uma peça com diálogos repetidos sem que se apercebam que o cenário vai mudando porque são outras as histórias e os conteúdos.

Quando criticados ou contrariados, abespinham-se e espicace-lhes a síndrome da perseguição. Por isso não entendem por exemplo que é um erro tremendo fazerem o seu Congresso em dias em que se exige confinamento por causa da pandemia.     

Julgam-se de novo perseguidos. Têm para eles que metem medo quando erguem os punhos. Com o mesmo estado d’alma que iam em frente antigamente, vão agora sem demora. Não entendem que não basta garantirem as condições de segurança.

Não percebem, que qualquer um dos muitos negócios parados e desesperados pode dizer precisamente a mesma coisa. Não percebem que causam sensação de revolta aos que lhes estão em volta.

Não percebem como percebeu o chanceler alemão percussor das políticas sociais do Estado, que a política é para ser moldar ao que é eficiente e melhor em cada tempo, a tempo e no tempo certo.               

   


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