Teresa A. Ferreira
Alguns carnavais transmontanos
As matrafonas – tradição transversal a Trás-os-Montes, em que as pessoas travestidas polvilhavam os transeuntes com farinha ou cinza da lareira.
A burricada – uma velha colocava cangalhas em todos os burros e metia os raparigos no lugar dos cântaros nas cangalhas e seguiam batendo os testos das panelas, correndo a aldeia.
Segunda-feira à noite lançavam-se os casamentos, em que casavam novos com velhos e era atribuído um dote a cada um, sendo que na terça-feira os noivos tomavam o peque-almoço juntos.
Na terça-feira de Carnaval, fazem o casamento de Entrudo em que um homem vestido de mulher e uma mulher vestida de homem eram casados. Enfeitavam uma carroça de burro e desfilavam os noivos pela aldeia, culminando com a queima do Entrudo – um boneco de palha. À noite havia o baile de Carnaval.
"Palhas alhas leva-as o vento
Aqui se vai ordenar um casamento..."
Graças à tempestade Karlotta, este ano, Bragança não caiu no ridículo de voltar a transformar o Carnaval num ritual esotérico e satânico, com o intuito de fazer crer ao público que aquilo é a verdadeira tradição carnavalesca da cidade. Bem sabemos que a cidade está pejada de símbolos maçónicos e lojas, sendo considerada a capital portuguesa da maçonaria, mas "nem tanto, Senhora Maria"! Não se confunda Carnaval com esoterismo. Preserve-se a tradição.
© Teresa do Amparo Ferreira, 13-02-2024
𝙉𝙖𝙩𝙪𝙧𝙖𝙡 𝙙𝙚 𝙏𝙤𝙧𝙧𝙚 𝙙𝙚 𝘿𝙤𝙣𝙖 𝘾𝙝𝙖𝙢𝙖,
Mirandela, Bragança, Portugal.
Fotos: Facebook Caretos de Podence