Teresa A. Ferreira

Teresa A. Ferreira

Casino: 1º

PREÂMBULO

Acordei em manhã densa, chuvosa, escura…até que, lá pelas 10 horas, um atrevido raio de sol rasgou as nuvens num golpe magistral e zás catrapus, começou a iluminar a minha janela. Gosto do sol, embevece-me, faz-me despertar bons sentimentos, é embalo e aconchego, é um sem-fim de coisas boas - especialmente em manhãs de inverno.

O dia desenrolou-se com muito trabalho e fortes emoções, até que aquele clique aconteceu e quando dei por mim estava a escrever, sem saber bem onde me iria levar a pena. Pouco me importa desde que o caminho seja doce e agradável, prazeroso – sobretudo –, com um toque de pimenta e suspense para inquietar a alma.

Dou por mim a magicar no próximo policial em que me entra, sem se anunciar, a Gabi: “o que faço com a danada da jovem?” - personagem de mil e uma facetas. Tão inteligente quanto irreverente - esta inquietante personagem - vai-me prendendo cada vez mais à história que vos quero contar.

Será melhor começar a desenrolar o fio à meada, antes que se perca a ponta. E, depois, logo se vê onde o coração e a imagética me levam.

CASINO

- Mãe! Vou sair com as minhas amigas – informava Gabi, abeirando-se da porta da sala, vestida e maquilhada como se fosse a uma festa.

- Não venhas tarde, filha! Amanhã, de manhã, preciso que vás comigo às compras. Cuidado com o álcool. Olha que a polícia não perdoa e depois se vocês têm um acidente… nem quero pensar nisso. Os pais das tuas amigas caem-me em cima.

- Está bem, mãe, fique descansada. Não bebo nada. Vá fazendo a lista das compras que eu a ajudo.

Gabi nascera numa família da classe média. A mãe e o pai eram professores do Ensino Secundário. Nunca lhe faltaram com nada: amor, carinho, atenção… talvez tenha tido mais do que o necessário, uma vez que não sabia dar o devido valor ao dinheiro.

As saídas, com as amigas, levaram-na a aventuras cada vez mais empolgantes, e ela sempre com dinheiro para entrar nelas. Correu todos os bares e discotecas, que havia nas redondezas, até que certo dia foi descobrir o casino de Chaves – havia lá um espetáculo com um cantor famoso. Como tinha carro, que os pais lhe ofereceram mal entrou na Universidade de Vila Real, as saídas foram sendo cada vez mais alargadas na distância.

Chegou cedo ao casino acompanhada pelas amigas. Rodopiaram por todos os lados, numa viva tentação pela novidade. Passaram pelo bar e sala das "slot machines", subiram ao 1º piso onde se joga dinheiro a valer e depois desceram ao piso -1, para a sala de espetáculos. A inquietação toldava-lhe o pensamento. Ficara com a sensação de que teria de voltar para experimentar de tudo um pouco. E voltou, dali a dias.

(Continua)

© Teresa do Amparo Ferreira, 07-03-2024
   𝙉𝙖𝙩𝙪𝙧𝙖𝙡 𝙙𝙚 𝙏𝙤𝙧𝙧𝙚 𝙙𝙚 𝘿𝙤𝙣𝙖 𝘾𝙝𝙖𝙢𝙖,
   Mirandela, Bragança, Portugal.



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