A utilização da água termal na gastronomia está a ser estudada e experimentada no Alto Tâmega e Barroso e investigadores e ‘chefs’ garantem que há ganhos para a saúde, paladar e na “cor viva” dos vegetais.

A investigação decorre do projeto Aquae Vitae e inclui um portfólio gastronómico com receitas confecionadas com água termal, criadas pelos ‘chefs’ Justa Nobre, Renato Cunha, Rui Mota e Vítor Cunha, que vai ser apresentado hoje, em Chaves, no “II Fórum do Turismo do Alto Tâmega e Barroso”, organizado pela comunidade intermunicipal da região (CIMAT).

No laboratório, os investigadores exploram os benefícios das águas minerais naturais na gastronomia, e, nas cozinhas, ‘chefs’ testam o uso deste recurso que, em Chaves, brota a uma temperatura de 76 graus.

“As águas fazem muita diferença quando estamos a cozinhar, mas não imaginava que esta água fazia tanta diferença, principalmente quando estamos a cozinhar legumes”, explicou a 'chef' transmontana Justa Nobre.

Para o portfólio, criou um menu com sopa de espinafres, arroz de carnes à moda de aldeia, aletria de abóbora com amêndoas torradas e um granizado de ervas frescas, citrinos e mel do Barroso.

“Escolhi um prato que pudesse levar elementos da terra, desde as carnes, aos legumes à agua. Escolhi um prato de conforto”, realçou.

E exemplificou como fazer o seu arroz: - na panela, depois de fazer o refogado, foi juntando cenoura, couve, o caldo de água termal onde cozinhou previamente as carnes (porco, galinha, enchidos), depois o arroz e, por fim, as carnes.

“Senti que o prato fica mais leve, mas os paladares e os aromas sobressaem mais e, nos legumes, eles ficam mais verdes e mais bonitos”, concluiu.

A diretora executiva do Aquae Vitae, Maria José Alves, disse que foi feita uma avaliação nutricional das receitas confecionadas com água de consumo e com água termal.

“Verificámos que, efetivamente, o valor energético diminui quando nós utilizamos a água termal. E verificámos que há uma diminuição significativa, em algumas receitas, da quantidade de líquidos e também da quantidade de açúcares, particularmente nas sobremesas”, referiu.

Os pratos tornam-se, frisou, “menos calóricos”, descrevendo a água termal como “rica em sais, gasocarbónica e bicarbonatada e com um PH de 6.8”.

“Na maioria das receitas, há um aumento significativo da quantidade de potássio de sódio, mas também de magnésio”, salientou, apontando ainda à cor dos vegetais.

E explicou que a “couve mantém a tonalidade verde, porque a clorofila não é danificada, precisamente por causa de a água ser bicarbonatada”.

O presidente executivo do laboratório colaborativo AquaValor - Centro de Valorização e Transferência de Tecnologia da Água, Ramiro Gonçalves, destacou que a investigação incentiva outras formas de confecionar os alimentos com “ganhos para a saúde o paladar”. O AquaValor lidera o consórcio envolvido no Aquae Vitae.

O portfólio gastronómico vai ser disponibilizado à restauração e hotelaria locais, que, para usar estas receitas, terão de cumprir os critérios definidos.

Mas há, segundo Maria José Alves, outros produtos que estão a ser desenvolvidos com água termal como fumeiro de pão de água, com menos incorporação de sal.

O Aquae Vitae explora ainda as potencialidades da utilização das águas minerais naturais nas áreas da saúde e bem-estar, indústria cosmética e geotérmica. Em Chaves, já se utiliza o calor das águas termais para aquecer edifícios públicos e privados.

Há mais de 2.000 anos que os romanos descobriram os benefícios das águas termais desta região do distrito de Vila Real.

Ramiro Gonçalves frisou que os municípios da CIMAT – Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar – definiram a água como “elemento agregador” e que o objetivo do AquaValor é “gerar valor através deste ativo”.

Este é, frisou, um “produto identitário e não replicável”.



PARTILHAR:

Desportivo de Chaves perde em Paços de Ferreira e complica a subida

Mercado Municipal de Macedo de Cavaleiros inaugurado oficialmente no dia 28