A Associação Palombar, com a colaboração de voluntários internacionais, vai preceder a trabalhos de prospeção e musealização de uma casa do período romano em Picote, no concelho de Miranda do Douro, distrito de Bragança, foi hoje divulgado.
“Este trabalho pretende alargar a área de escavação da casa romana, com a finalidade de colocar as suas estruturas mais visíveis, nomeadamente um celeiro que foi identificado em 2015 por investigadores da Universidade do Porto (U.Porto), para depois se realizar um projeto de musealização deste espaço”, contou à Lusa a arqueóloga Mónica Salgado.
De acordo com a arqueóloga, estes Campos de Trabalho Voluntário Internacionais (CTVI) visam dar continuidade aos trabalhos arqueológicos já desenvolvidos e agora integrados num projeto do município de Miranda do Douro, Junta de Freguesia de Picote e Palombar.
“O papel dos voluntários internacionais neste projeto passa por conhecerem a metodologia utilizada no campo da arqueologia e da musealização de sítios arqueológicos”, explicou Mónica Salgado.
Ao longo dos anos, para além desta habitação romana, foram já descobertos em Picote uma estrutura que serviu de celeiro, berrões, várias estelas funerárias, entre outros achados do mesmo período.
A aldeia de Picote está referenciada historicamente como tendo uma presença humana ancestral bem vincada. Na bibliografia antiga identifica-se a localização de um povoado fortificado da Idade do Ferro(700 aC até século 1 aC), posteriormente romanizado.
“Temos alguns indícios de que na Idade do Ferro existiu um povoado fortificado na aldeia de Picote, embora ainda não se saiba com rigor a sua localização. Depois temos vários indícios da ocupação romana deste território, onde é visível o aparecimento de vários elementos deste período histórico (período romano) com a casa romana”, disse.
O Campo de Trabalho Voluntário Internacionais (CTVI) - Escavação Arqueológica, realizado no âmbito do projeto NatuRural Heritage da Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural, vai contribuir para o processo de musealização da Casa Romana.
“O grande objetivo deste trabalho é tornar este espaço visitável, que vai contribuir para dinamização do ecomuseu de Picote ao ar livre”, indicou a arqueóloga.
O 65.º CTVI realiza-se entre os dias 12 e 26 de agosto e o 66.º CTVI entre os dias 02 e 16 de setembro, e têm o apoio da Câmara de Miranda do Douro, Junta de Freguesia de Picote, Frauga - Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote, Associação Família Kolping de Picote e Associação francesa REMPART.
O projeto NatuRural Heritage da Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural, financiado pelo Corpo Europeu de Solidariedade (CES) da União Europeia (UE), tem como objetivo principal promover o restauro e a conservação do património rural e natural de aldeias do Nordeste Transmontano.
O projeto está centrado na realização de campos de trabalho voluntário internacionais, com vista a promover o restauro de edificados da arquitetura vernacular associados às comunidades rurais e a conservação da natureza, bem como na promoção de prospeções arqueológicas, com o objetivo de contribuir para a investigação e descoberta do património material local ancestral.
As ações do projeto terão lugar nas aldeias transmontanas de Uva, no concelho de Vimioso, e de Picote, no concelho de Miranda do Douro.
A Associação Palombar já realizou cerca de 70 campos de trabalho voluntário internacionais na região do Planalto Mirandês.
O que é a “Casa Romana”?
A “Casa Romana” é uma habitação da época Romana já identificada numa área da aldeia de Picote onde foram encontrados vestígios arqueológicos que revelaram que, no local, existe o que foi uma importante povoação da época do Império Romano. Além desta habitação romana, foram já descobertos também uma estrutura que serviu de celeiro, berrões, várias estelas funerárias, entre outros achados. Picote está referenciada historicamente como tendo uma presença humana ancestral bem vincada. Na bibliografia antiga, identifica-se aqui a localização de um povoado fortificado da Idade do Ferro, posteriormente romanizado.