Barroso da Fonte
A Grã ordem Afonsina e os municípios da Fundação
Em 13 de Fevereiro de 2019 foi fundada na Cidade Berço da Nacionalidade Portuguesa a Grã Ordem Afonsina.
Os seus objetivos eram claros: dar os primeiros passos para acertar a cronologia histórica dos 900 anos da Batalha de S. Mamede, travada perto do Castelo. em 24 de Junho de 1128, entre os apoiantes de D. Afonso Henriques e os partidários da Mãe. O filho pugnava pela independência do Condado Portucalense que o seu Pai assumira antes de morrer. A Mãe era contra. A decisão teve de decidir-se na Batalha. O filho honrou a vontade do Pai. E a Mãe refugiou-se na Galiza, vindo a morrer dois anos depois. José Mattoso, decano da História de Portugal, chamou a essa Batalha a primeira Tarde Portuguesa. É evidente que a legitimidade da independência apenas seria reconhecida 51 anos depois, pelo Papa Alexandre III, em 1179. Esse intervalo ainda implicou muitas escaramuças entre os povos-irmãos desavindos. Mas o 24 de Junho foi decisivo para os primos se entenderem, em 1143. Esse entendimento deu-se em Zamora, cidade vizinha e próxima de Bragança, onde Afonso Henriques se armara cavaleiro no dia de Pentecostes do ano de 1125. Foi moroso e complexo o processo autonómico de Portugal. Os 9 séculos que vão cumprir-se em 2028, não deverão passar despercebidos. A cidade de Guimarães foi o palco onde se mediram forças e se travou o combate decisivo: a Batalha de S. Mamede.
Daí que seja o chão mais importante destes 900 anos. O Berço da Nacionalidade Portuguesa, reclama o epíteto de primeira capital Portuguesa, de Berço do Rei Fundador, Berço da Lusofonia e, por tudo isso, Berçário da Portugalidade.
A Grã Ordem Afonsina nasceu por espontânea vontade dos seus associados mais atentos ao simbolismo dos factos historiográficos e, desde a primeira hora do seu desenvolvimento, partilhou os seus objetivos com todos os poderes: político, cultural e religioso.
Ao segundo aniversário de sua existência, sempre em diálogo com representantes desses três poderes, apresentou uma proposta de criação de uma Estrutura de Missão, que foi subscrita por doze associações apostadas em sublimar as comemorações dos 9 séculos de Portugalidade, nos cinco anos que ainda faltam para 2028.
Ao terceiro ano da Grã Ordem Afonsina,o Presidente da Câmara de Guimarães acolheu esta proposta e, no discurso oficial, proferido no dia 24 de junho de 2022, assumiu o desiderato de preparar as próximas comemorações centenárias de Portugal, através da constituição de comissões representativas das várias tarefas a desenvolver. Aguarda-se a designação dessas comissões.
Pelo seu lado, a Grã Ordem Afonsina, no dia 5 de outubro de 2022, organizou um evento em que juntou a Fundação Rei Afonso Henriques, de Zamora, e a Sociedade Histórica da Independência de Portugal, no decurso do qual surgiu a ideia de implantar uma estátua de Afonso Henriques, em Zamora, para comemorar a investidura de cavaleiro ocorrida no dia de Pentecostes de 1125.
Os autores da obra de arte a produzir serão dois ilustres cidadãos vimaranenses: o escultor Dinis Ribeiro e o arquiteto Abel Cardoso. O patrocínio financeiro será da responsabilidade de três importantes empresas vimaranenses. A autarquia vimaranense dará os apoios institucionais.
Neste momento já está agendada a data da inauguração: será no fim de semana de 29/30 de Abril. Por isso, está também a ser organizada uma viagem de grupo com o objetivo de, nesse fim de semana, levar a Zamora dezenas, ou até centenas, de vimaranenses. Espera-se que esta cerimónia conte com a presença das mais importantes entidades sociais, culturais e políticas.
Como fundador da Grã Ordem Afonsina, apraz-me registar a pronta e eficaz adesão do Dr. José Ribeiro e Castro, Presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal. Em abono do papel que cabe a estas três associações felicito-o ainda pela excelente ideia que lançou em artigo publicado na última edição da Revista Mais Alentejo,sob o título "Forais de Portugal - Os municípios da Fundação".
A dado passo desse artigo acrescentou esta precioso contributo:«A última ideia surgiu há pouco, quando, a convite da Grã Ordem Afonsina, me preparava para ir a Guimarães, em 5 do Outubro passado, falar da Batalha de São Mamede — o nosso marco inicial, tão querido aos vimaranenses — e projetá-la no resto do processo fundador. A ideia que surgiu é a que está no título: Forais de Portugal, os municípios da Fundação".
Em que consiste esta ideia? Tal como diz o ilustre político:"trata-se de agregar os concelhos que receberam foral de D. Afonso Henriques e também os anteriores, do período condal, dados pelo pai, o Conde D. Henrique, ou pela mãe, D. Teresa. Estes municípios com foral são, afinal, os existentes no reinado do nosso Fundador. Já fizemos um primeiro levantamento: com D. Afonso Henriques, de 1128 a 1143: Guimarães, Numão (em Foz Côa), Seia, Miranda do Corvo, Ansiães (em Carrazeda de Ansiães), Penda, Germanelo (em Penela) e Leiria; e de 1143 a:1185: Arouce (na Lousã), Freixo de Espada à Cinta, Mesão Frio, Foral de Banho (S. Pedro do Sul), Sintra, Trancoso, Redinha (em Pombal), Vila Verde dos Francos (em Alenquer), Celeirós (ou Celeirós do Douro, em Sabrosa); Lourinhã, Tomar, Mós (em Torre de Moncorvo), Évora, Barcelos, Linhares da Beira (em Celorico da Beira), Souto (em Ponte de Lima), mouros forros de Lisboa, Almada, Palmeia e Alcácer do Sal Monsanto (em Idanha-a-Nova), Pombal, Coimbra, Lisboa, Abrantes, Marialva (na Mêda), Santarém, Ourém, Coruche; Valdigem (em Lamego), Urrós (em Torre de Moncorvo), Caldas de Aregos (em Resende), Palmela, Melgaço, Moreira de Rei (em Trancoso) e Celorico da Beira. E, recuando a 1095-1112, com D. Henrique: Guimarães, Constantim (em Vila Real), Azurara da Beira (Mangualde), Tentúgal (em Montemor-o-Velho), Sátão, Coimbra, Soure, Tavares (em Mangualde); e a 1112-1127, com D. Teresa: Arganil, São Martinho de Mouros (em Resende), Viseu, Porto, Sernancelhe, Ponte de Lima, Ferreira de Aves (no Sátão).São terras de muita tradição, localizadas sobretudo no Norte e Centro (Minho, Trás-os-Montes, Douro e Beiras), mas que se vão alargando para Sul (Beiras, Estremadura, Ribatejo e Alentejo), no avanço da chamada Reconquista, sob a liderança forte do nosso primeiro rei».
Magnífico contributo este que o ex-Parlamentar José Ribeiro e Castro fornece às autarquias "como raízes mais fortes e troncos mais sólidos da fundação do nosso país há 900 anos.
E conclui desta forma esperançosa: "A ideia que alimento é arrancarmos em 2028, sob legítima liderança vimaranense e apoiados, de forma descentralizada, multipolar, com todos estes Forais de Portugal, nos municípios da Fundação. Grande gesta a que temos por diante. Que magnífico é ter Portugal a celebrar 900 anos!»
Barroso da Fonte