Barroso da Fonte

Barroso da Fonte

Casa-Mãe de Lisboa continua a servir Trás-os-Montes

Em Setembro de 2005, Nuno Aires que presidia à direção dessa Casa regional, anunciava um edifício novo para corresponder aos anseios dos fundadores do século que nesse ano se completava.

A Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro, com sede em Lisboa, foi, nestes 119 anos que leva de existência, uma espécie de linha avançada ou posto de controlo, que liderava os acontecimentos promocionais, defesa ou intermediação. Sendo Trás-os-Montes a Província Portuguesa mais distante do Terreiro do Passo e também a primeira a pagar os impostos e o última a receber os direitos, restava os barrosões, prevenirem-se para as longas e demoradas viagens aos centros de decisão. Alguns, pelos tempos fora, por lá se demoraram, criando raízes profissionais, familiares ou outras opções de vida. Nos 119 anos desde a fundação da Casa, a comunidade Transmontana sempre difundiu o seu estilo de vida, a sua propensão para a entre-ajuda, e ainda é o padrão , o azimute e a referência mais sólida para os grandes embates.

Os quatro congressos, iniciados em 1920 e o quinto já em preparação, demonstraram que a solidariedade telúrica continua a prevalecer, através desses diversos projetos comunitários, imbuídos daquele espírito congénito que move montanhas e que o bairrismo tradicional consignou no expressivo refrão que ordena a bizarra sentença: «para lá do Marão mandam os que lá estão».

É com este espírito telúrico que a Casa de Trás-os-Montes e Alto-Douro, irmanados desde o primeiro condado (868 -1071) e o segundo condado(1096-1128), fecundaram essa vetusta irmandade que se iniciou, em 1128, na batalha de S. Mamede e se uniu para os 900 anos em 1179, firmando o império lusófono que daqui a 5 anos iremos comemorar.

Trago esta rememoração histórica, a propósito da apresentação, no próximo dia 25, do livro. «Lendas e Contos populares Transmontanos - tesouros da Memória», da autoria do Académico da UTAD, Alexandre Parafita, possivelmente, um dos mais profícuos, em quantidade e qualidade, investigador de cultura popular Portuguesa.

O ex-primeiro Ministro Passos Coelho, comprovinciano do docente Universitário e autor, com mais de meia centena de obras publicadas, neste caso concreto, pela Zéfiro, produziu uma edição de grande qualidade gráfica.

A presença deste ex-governante, para apresentar o primeiro volume do «trabalho de recolha das Lendas e Contos Populares Transmontanos com a participação marcante de um vasto número de «Narradores da memória» que transmitiram de viva voz as suas narrações, tal como as ouviram aos antepassados. Ao todo, um corpus de 215 lendas e contos. E o brilho desta notável sessão cultural, na vetusta Instituição regionalista, foi ainda enriquecido pelo catedrático transmontano Ernesto Rodrigues, outro distinto autor do melhor que Portugal tem nesta geração de notáveis pensadores.

BF



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