Barroso da Fonte

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Faleceu Juiz Conselheiro Francisco Diogo Fernandes

Entre os reinos de Portugal e de Castela foi assinado, em 1494, o Tratado de Tordesilhas com a preocupação de encontrar os limites para a exploração das terras no Atlântico Sul. Esse acordo ficou mais conhecido como Tratado de Tordesilhas e foi extinto, quando a Espanha anexou Portugal à sua monarquia, sendo criada a União Ibérica (1580-1640).

Trás-os-Montes acaba de perder um grande cidadão:
Faleceu Juiz Conselheiro Francisco Diogo Fernandes

Ora esse Tratado foi antecedido de uma preparação entre os dois reinados, tendo como palco uma localidade chamada «Babe», em Bragança, 107 ano antes. Após esse centenário do intervalo de espera, os dois reinos pacificaram as relações e acertaram uma divisão entre os povos conquistar. Dessa acertada decisão, Portugal ficou com o interior do Brasil. E a Espanha com a parte contrária, a sul. Os dois pontos da preparação e da realização mereceram dois símbolos para assinalarem os históricos encontros. «O episódio emblemático da História de Portugal foi retratado num elemento escultórico construído mesmo à entrada da aldeia de Babe, no concelho de Bragança. Babe foi conhecida por todo o Trás-os-Montes, entre outros, pela fama das suas facas de bolso e cozinha, feitas por ferreiro com altos conhecimentos», segundo afirma o Abade de Baçal na sua obra do mesmo nome.

Trago este intróito à liça pelo falecimento de uma das figuras humanas mais destacadas da última metade do século vinte, não só na sua freguesia, mas sobretudo no seu distrito e Província. Aí veio ao mundo e sempre foi referência cimeira da casa onde nasceu e que transformou numa casa de turismo de habitação. Aos 87 anos ainda emprestava a essa mansão as férias e fins de semana, a partir do Porto.

Na tarde do dia 5, ocupando-se ali de trabalhos caseiros, teve uma queda fatal que o roubou aos convívios dos inúmeros amigos e colegas, não só da sua zona habitacional mas também do Porto. Foi Juiz Conselheiro e, antes de regressar à sua Profissão, foi oficial miliciano em Angola, Presidente da Câmara de Bragança, diretor da Polícia Judiciária e, quando entendeu que era mais útil à sua carreira, atingiu o topo da magistratura.

A situação de jubilado não se compadeceu com o seu feitio. Em 1984 foi fundada a Casa Regional dos Transmontanos e Alto Durienses do Porto. Dez anos depois, a Casa Regional convidou-o para Presidente da Assembleia Geral, cargo que ainda ocupava e em que iria ser reconduzido no próximo dia 23, por mais um mandato, por eleição. Durante 30 anos consecutivos, sempre com total empenho, dedicação e fraternidade exerceu essa nobre tarefa.

Foi um chefe de Família exemplar, no enlace com a Prof. Doutora Helena Vaz Serra Fernandes. Dos filhos, e pela raridade desportiva, merece destaque o Francisco Nuno Serra Fernandes, na modalidade de Salto em Vara. Obteve 26 recordes nacionais. E representou Portugal no Campeonato do Mundo em Sidney, Austrália.

O funeral deste ilustre Transmontano decorreu no Porto na manhã do dia 9.

Trás-os-Montes acaba de perder um grande cidadão.

Barroso da Fonte




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