Luis Ferreira
Coadoção de deputados
Este país está a caminhar a passos largos para figurar no Guiness. Não interessa o modo, a vertente, o objectivo ou o assunto, o que é preciso é entrar. Perante tantos factos que surgem quase diariamente e que se levam a uma discussão meramente académica, nada mais nos leva a pensar de que, na realidade, o que é mais importante é desviar a atenção dos portugueses de outros que, esses sim, são deveras meritórios de primeira página.
Não sou demasiado preconceituoso, mas sou conservador em muitos aspetos e muito embora todos tenhamos que acompanhar o progresso das ideias, nada me incomoda mais do que a possibilidade de casais homossexuais poderem adotar crianças que não foram por eles concebidas. Tenho imenso respeito pelas crianças que estão em situação de poderem ser adotadas e, talvez por isso mesmo, custa-me imaginar o que elas irão encontrar anos mais tarde e como vão reagir, perante uma situação completamente diferente das outras crianças que elas vão conhecer e com quem vão conviver. Elas poderão ficar completamente traumatizadas para a vida inteira e o facto de serem adotadas por um casal de homens certamente que as vai traumatizar ou pelo menos ser esse mesmo facto um estigma para toda a sua vida.
De facto, eu penso que as crianças são as que mais sofrerão em todo o processo e nem sabendo isso, os responsáveis pela legislação que se aprova a este respeito, parecem preocupar-se com essa vertente da realidade. Se existem seres humanos que querem viver a sua homossexualidade em conjunto, pois que o façam abertamente se a lei o permitir mas, não deveriam arrastar para o seu meio crianças inocentes, desconhecedoras de todo um processo adverso que as rotulará a vida inteira anos mais tarde e do qual elas não têm meios de se libertarem.
Podemos aduzir as razões que quisermos para justificar a legislação que vai nascendo um pouco por todo o lado e até aceitar as relações homossexuais sejam elas masculinas ou femininas, mas é verdade que quem decide viver deste modo são pessoas adultas e que sabem, julgo eu, o que realmente querem. Mas uma criança não sabe! Ninguém a pode consultar sobre esse assunto. E não me venham dizer que é para bem da criança, que é para lhe dar um lar, que é para a sustentar e dar um rumo de vida, etc., etc.. Se queremos ajudar uma criança dando-lhe um rumo de vida, uma ajuda séria e despudorada, podemos fazê-lo de mil e uma maneiras e não é necessário sequer ser um casal, seja ele qual for, a fazê-lo. Dar um lar! Pois, a verdade é que um lar é, à partida, o seio de uma família devidamente constituída aos olhos de uma sociedade católica e que pressupõe um pai, uma mãe e os filhos e já agora os avós e mesmo os bisavôs em legítima consanguinidade. Ora isto não é possível neste tipo de relações!
Como parece que o nosso país não tem mais nada com que se preocupar, este fim de semana serviu para discutir precisamente o problema da Coadoção por casais homossexuais através de uma proposta de referendo que não se entendeu muito bem, apresentada pela JSD e que levou à demissão de uma deputada do PSD e à abstenção do CDS com declarações de voto a que os partidos da oposição se juntaram numa unanimidade muito pouco vista. A comunicação social escrita, falada e televisiva pareceu nada mais ter para abrir os noticiários e as primeiras páginas dos periódicos! E para que não ficasse qualquer dúvida, o primeiro-ministro veio a terreiro dizer que nada tinha a ver com o assunto, mesmo tendo ele, o assunto, sido objecto de análise e discussão na comissão política social-democrata.
Seja como for eu penso que isto a nada leva, até porque apesar de aprovado o referendo (apenas pelo PSD), a decisão tem de passar pelo Tribunal Constitucional e depois pelo Presidente da República e com os timings tão curtos como temos já que vêm aí as eleições europeias, as legislativas e as presidenciais, não há espaço certamente para implementar referendos nacionais já para não falar na inviabilização pela falta de dinheiro. Quem não tem dinheiro, não tem vícios. Estes deputados não terão mais nada em que pensar neste momento? Se fossem mais novinhos, alguns deles será que gostariam de ser coadotados? É que se aprovam a coadoção, se calhar também não se importariam de o ser, desde que lhes perguntassem primeiro a opinião, claro. Francamente, como vai este país!!!!