Alexandre Parafita

Alexandre Parafita

Morreu duas vezes!

Há notícias que, por mais dolorosas que soem, podem ser dadas assim. Foi o que o “Público” fez ao anunciar ontem a morte do pintor Mário de Oliveira, em Vila Real, aos 98 anos de idade. A primeira morte acontecera após o 25 de Abril, quando foi praticamente apagado de uma carreira pública proeminente como arquiteto nas ex-colónias (Angola, Moçambique, Guiné, São Tomé e Príncipe), onde desenhou alguns dos principais edifícios públicos, escolas, hospitais, planos urbanísticos, que ainda hoje são um “ex-libris” daqueles territórios.

No início dos anos 80, viúvo, deixou a sua casa em Cascais e veio viver definitivamente para Vila Real mesmo não tendo nesta região quaisquer raízes. O que o trouxe em definitivo nunca o deixou muito claro. Percebeu-se, contudo, que veio para recomeçar uma nova vida, numa busca de novos sonhos, conseguindo-o como pintor, poeta, crítico de arte e cronista, sem deixar de alimentar as velhas amizades com figuras notáveis dos seus tempos áureos, como era o caso de Fraga Iribarne, então Presidente do Governo da Galiza. Como cronista, escreveu em vários jornais, entre eles o semanário “A Região”, de que fui diretor, muito jovem ainda, nos anos 80. Que história de vida a que este Homem tinha para contar! O muito que se aprendia com ele suplantava escolas e universidades!


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