Alexandre Parafita
Ninguém é profeta na sua terra
Confesso que nunca tinha ouvido falar de Rans antes de Vitorino Silva, há duas décadas atrás, emergir na ribalta mediática. Graças à sua avidez de notoriedade, somada a um irreprimível anseio de fazer acontecer, aquele tantesquinho de Portugal alcançou o que muitas vilas e vilinhas sonham conseguir, e não conseguem: um lugar sinalizado e prestigiado no mapa. A Tino de Rans é devido esse triunfo.
Ainda assim, sabe-se agora, enquanto candidato a Presidente da República, os seus conterrâneos negaram-lhe o direito e o orgulho de obter a maioria dos votos na sua terra, deixando-o numa situação algo embaraçosa.
Embaraçosa, mas que não o impediu de dizer: “Estou apenas a meio do caminho”. Deixou por isso um desafio ou uma provocação aos que teimam em não o levar a sério, ou por inveja, ou por não aceitarem que um simples calceteiro possa, com a sua ousadia, chegar mais longe do que as calçadas onde vai deixando a sua pele.
Há filósofos que foram humilhados (alguns até mortos) antes de serem reconhecidos. Tino de Rans, filósofo das ruas, que afirma que “quando trabalha com o corpo liberta a cabeça”, tem todo o caminho pela frente. E, como diz que ainda está a meio, cá o iremos, certamente, encontrar não tarda nada.