Barroso da Fonte

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Sete decanos com história curta

Três comentários acerca do atual decano do Jornalismo

Na edição de 12 deste mês, José Matos, assinou «um primeiro comentário» no blog tempo caminhado, acerca da figura do decano dos jornalistas que, nessa crónica era feita, a partir de sete anteriores nomes que as redes sociais, mencionam com esse epíteto. Inesperadamente surpreendido pela notícia do universitário e, também jornalista Alexandre Parafita, que, no JN de 22 de Junho, me confirmou esse título. Iniciei uma investigação sobre esse vocábulo que, em todas as profissões existe e que, é uma espécie de gracejo, para quem começa cedo e acaba tarde a sua ocupação principal. Essa mesma informação foi difundida no «Diário de Trás-os-Montes».  Animado pelo aprofundamento desta informação (que não passa disso), topei na releitura um «primeiro comentário» com três testemunhos, de outros tantos Professores Catedráticos da Uinversidade do Minho: Amadeu Torres, José Viriato Capela e Norbeto Cunha.

A estes três enormes (meus) professores e outros que me marcaram, nos 70 anos de jornalismo devo, praticamente tudo, do muito pouco que sei. E, como os quase 85 de vida que levo, me aconselham a preparar a viagem, interpreto este gracejo que o «decanato» do jornalismo possibilita, aos decanos de todas as profissões do mundo. Deixo sete exemplos que localizei nas redes sociais.

1.Norberto Lopes-(30/9/1900 - 25/8/1989) nasceu em Vimioso e faleceu em Linda-a-Velha). Em 1936 foi chefe de redação do Diário de Lisboa. Tinha 53 anos quando faleceu. Foi o primeiro repórter português na Guerra Civil de Espanha. Em 1968 foi premiado pelo sindicato dos jornalistas com o crachá de ouro, devido à sua persistência na conquista da independência dos jornalistas. Em 1971 foi substituído por Manuel José Homem de Mello.

2 José Estevão- (1809- 1862). A biografia deste estudante de direito, aparece na Wikipédia como jornalista muito ativo, mas num tempo em que o jornalismo não tinha regras, nem ferramentas. Já se falava em censura e falta de liberdade. E este José Estevão Coelho Magalhães, terá nascido dois séculos antes do tempo. Há notícias de que foi decano dos jornalistas, talvez por serem poucos aqueles que já pugnavam pela liberdade de imprensa. Mesmo que fosse considerado decano, tê-lo-ia sido, com poucos anos, uma vez que faleceu com 53 de idade.

3. Manuel Brito Calado, nasceu nos Açores e emigrou para os USA, aos 48 anos. Em 1950 criou uma rubrica em rádio a que chamou Ecos de Portugal. Em 2013, quando se reformou, dedicou-se mais à rádio WGCY-FM. Faleceu em 6/12/2022. Em jornal em Português que se publica naquele país escreveu-se que morreu em dezembro de 2022, Manuel Calado, decano dos jornalistas da diáspora nos EUA. Tinha 99 anos.

4. Adriano Lucas foi diretor do Diário de Coimbra, onde nasceu em 14/12/1925. Durante 60 anos, fundou e dirigiu o Diário de Coimbra. Esteve ligado ao Centro «CENJOR». Faleceu aos 85 anos. Foi também diretor dos jornais «diário de Aveiro» e «Diário de Leiria e de Diário de Viseu. Teve duas licenciaturas e uma influência incomum na sociedade Coimbrã. Além de ter sido aclamado de «Decano dos Jornalistas», foi também o decano dos dirigentes da imprensa em Portugal.

5. João Ribeiro nasceu em 1925 e faleceu com 91 anos. Iniciou a profissão como foto-jornalista em 1946, no Diário da Manhã como repórter fotográfico. Passou por vários outros. Nasceu em Silves e em 2011 foi homenageado pela Sociedade Portuguesa de Autores. Foi o sócio mais antigo do Sindicato dos Jornalista,com o número 1, no Jornal das Letras. Exerceu a sua função como foto-jornalismo 61 anos e, por alguns anos foi decano dos jornalistas.

6. Domingos Silva Araújo, nasceu em Guimarães em 1936, ordenou-se no seminário de Braga e licenciou-se no então Instituto do Períodismo da Universidade de Navarra. Ordenado em 1959 foi capelão d residência de Santa Teresa, em Braga e Mesário da Casa da Misericórdia Bracarense. Durante 27 anos foi diretor do Diário do Minho e passou a dirigir a revista «Ação Católica» que é o órgão oficial da Arquidiocese de Braga. Ainda colabora regularmente no Diário do Minho. Foi o primeiro jornalista com licenciado em Jornalismo em Portugal.

7. Costa Carvalho é um dos decanos do jornalismo em Portugal. «Um dos poucos, senão o único, que assumiu funções de chefia nos três principais periódicos do Porto (Jornal de Notícias, O Primeiro de Janeiro e O Comércio do Porto). Ao longo dos mais de quarenta anos dedicados à profissão, ajudou a fundar o Centro de Formação de Jornalistas e a Escola Superior de Jornalismo, na mesma cidade. Nascido em Amarante, em 1934, é uma figura incontornável do jornalismo português da segunda metade do século XX. Ao Jornal “Campeão”, contou como mantém viva a lucidez do pensamento num mundo cada vez mais “subvertido”. Apesar de tudo, “não tem receio do futuro” e, já retirado dos jornais, continua a acreditar no jornalismo, essa arte onde que funde a literatura com a ética profissional. “O esforço que faço hoje em dia, cada vez mais, é o de ser leal para com a minha profissão”. Este raciocínio declarou-o o jornalista Costa Carvalho, numa entrevista ao «Campeão das Províncias, em 8/01/2023». Este Amarantino respondeu ao tema «a rudeza não fica bem no jornalismo». E confessa isso: «cerca de 40 fui jornalista, como professor fui 24». Mas os decanos forjam-se na persistência, na perseverança, na tenacidade, na pertinácia, na teimosia, na firmeza, na garra e no empenho de cada um.

Barroso da Fonte (atual decano dos jornalistas portugueses)


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