Décadas de discursos sobre o interior não conduziram a nenhuma estratégia para a sua valorização”, declara Hernâni Dias, presidente da Câmara Municipal de Bragança a propósito da não inclusão das infraestruturas rodoviárias que ligariam Bragança a Puebla de Sanabria, a Vimioso, a Vinhais, bem como a conclusão do IC5 até Espanha, a ligação ferroviária Porto-Zamora e o aeroporto regional de Trás-os-Montes no Programa Nacional de Política de Ordenamento do Território de Portugal (PNPOT).

O Governo decidiu não integrar qualquer investimento da região no PNPOT.

O PNPOT será o documento orientador de toda a estratégia do desenvolvimento territorial para os próximos anos, mas a região de Bragança foi excluída. As acessibilidades de proximidade dos centros urbanos a territórios mais carenciados e as regiões transfronteiriças ficaram fora da estratégia. “As populações do interior ficaram de fora, e acentua-se, assim, e cada vez mais, as diferenças entre o litoral e o interior. Arriscamo-nos a que em 2030 o país se reduza a uma língua de terra costeira e o resto será definitiva e literalmente paisagem”.

A não inclusão destas estruturas nucleares no PNI 2030 (Programa Nacional de Investimentos) vai acentuar as diferenças entre as duas realidades do país, interior e litoral. “Serão precisas mais décadas para que estes projetos estruturantes vejam a luz do dia”, afirma.

Despovoamento acelerado, não é difícil de compreender, será uma consequência óbvia desta má decisão. Perda de valores endógenos, perda da diversidade cultural, perda de território em suma”.

Não é apenas Bragança a lutar pela anulação das assimetrias que se adivinham com esta decisão. As infraestruturas identificadas foram entendidas como nucleares pelos restantes municípios da CIM-TT. 

A ineficácia das vias de comunicação estruturantes, nomeadamente o aeroporto, atingirá toda a região, quer por via do despovoamento quer por via do previsível decréscimo económico.

Foto: António Pereira



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