Os produtores de gado do concelho de Bragança têm este ano os custos com o controlo da sanidade animal reduzidos por um apoio financeiro da Câmara Municipal ao rastreio de doenças como tuberculose e brucelose, foi hoje divulgado.

O município assinou hoje um protocolo com a Associação de criadores de Gado de Bragança que vai garantir uma verba de 60 mil euros correspondente a metade das despesas que os produtores têm com as ações obrigatórias anuais destinadas a cumprir o Programa Sanitário Anual, aprovado pela Direção Geral de Agricultura e Veterinária.

O apoio abrange, segundo o presidente da Câmara, Hernâni Dias, “todos os produtores de gado ovino, caprino e bovino do concelho que tenham as explorações e os animais registados”, o que nas contas do presidente da Associação que os representa, Luís Afonso, corresponde a “850 produtores proprietários de 38 mil pequenos ruminantes e 2.650 bovinos”.

Com este apoio, o município alivia para metade os custos dos agricultores com a recolha de sangue dos animais necessárias para os rastreios das doenças e cumpre, como fez questão de sublinhar o autarca, uma promessa eleitoral feita na campanha de 2017.

“Para uma classe como é a dos agricultores, numa terra deprimida com poucos recursos e uma agricultura de subsistência, este valor é muito expressivo, pode chegar a 5% do total do que são os gastos de uma exploração”, apontou Luís Afonso, presidente Associação de Criadores de Gado de Bragança.

De acordo com as contas do dirigente, “num rebanho de tamanho médio (o custo total) pode representar 500 euros ou mais por ano”, com este apoio municipal “vai gastar apenas 250”.

“Para uma classe de agricultores com grandes dificuldades no interior de Portugal, esta ajuda da Câmara Municipal de Bragança é muito bem-vinda”, acrescentou.

Luís Afonso referiu que “os sucessivos governos têm reduzido sistematicamente ao longo dos anos a sua comparticipação” para a sanidade animal, ou seja, as ações de prevenção e rastreio de doenças que provocam prejuízos com redução do efetivo nas explorações e são transmissíveis ao homem, nomeadamente a tuberculose e a brucelose.

“O Agrupamento de Defesa Sanitária (ADS) de Bragança recebia cerca de 200 mil euros por ano há 20 anos, hoje recebe 35 mil euros do Estado português”, concretizou.

O combate às doenças tem, contudo, dado resultados com o presidente da Associação a garantir que “Bragança é um território dos de Trás-os-Montes melhor posicionados em termos de saúde animal”.

“Os casos de tuberculose já não existem há cerca de cinco anos e na brucelose passamos de cerca de quatro mil animais abatidos compulsivamente por ano, há cerca de dez anos, para 20 em 2018. É um passo de gigante”, vincou.

A ajuda da Câmara de Bragança deixa a carteira do agricultor com mais dinheiro, mas “o grande problema do interior de Portugal, e é o caso de Bragança, é a população demasiadamente envelhecida, é não haver população”, na opinião do presidente da Associação.

Luís Afonso exemplificou com duas aldeias do concelho de Bragança: “em 1991, haveria cerca de mil ovelhas em Rio de Onor e cerca de 65 vacas. Hoje há cerca de 50 ovelhas e uma vaca. São Julião tinha 150 bovinos há 20 anos, não tem um único há oito anos a esta parte”.



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