A Unidade Local de Saúde de Trás-os-Montes e Alto Douro (ULSTMAD) dispõe de um Grupo de Tumores Hereditários e Oncogenética que reforça a prevenção do cancro e a vigilância de doentes e familiares, foi hoje anunciado.
“Esta iniciativa tem como objetivo identificar mutações genéticas associadas ao desenvolvimento de tumores hereditários, disponibilizando uma abordagem multidisciplinar para uma resposta mais eficaz no tratamento, na vigilância atenta e na profilaxia", afirma, citada em comunicado, Marta Sousa, diretora do Centro Oncológico da ULSTMAD, que tem sede social em Vila Real.
Segundo a unidade de saúde, os tumores genéticos/hereditários acontecem em 5% a 10% dos casos de cancro e têm demonstrado uma tendência crescente.
Sendo tumores mais agressivos, acrescenta, há um risco acrescido que pode ser mitigado com vigilância apertada, tanto nos doentes como nos familiares saudáveis, na consulta de oncogenética.
"Aos doentes com cancro e que têm esta mutação é disponibilizada vigilância de novos tumores, assim como acesso a tratamentos específicos, uma vez que, hoje em dia, há fármacos dirigidos para esta tipologia de tumores, com resultados muito satisfatórios", realça Marta Sousa.
Rosário Pinto Leite, geneticista laboratorial da ULSTMAD, destaca a importância desta ULS dispor de um laboratório de genética, o “único fora dos grandes centros (Porto, Coimbra e Lisboa)".
A especialista explica que este laboratório "possibilita uma deteção mais célere destas mutações, tanto para os doentes que já têm um histórico de cancro, como para familiares saudáveis que também podem estar em risco”.
“No ano passado, alcançou o dobro da produção prevista", afirma.
Por sua vez, Márcia Martins, geneticista clínica da ULSTMAD, acrescenta que a Unidade de Genética Médica, "além dos testes laboratoriais, proporciona aconselhamento genético personalizado, avaliação do risco hereditário familiar e encaminhamento para vigilância clínica e tratamento preventivo, quando necessário".
Para o conselho de administração da ULS transmontana, este é um “passo significativo na consolidação da prevenção e tratamento do cancro, ao oferecer uma abordagem integrada, que abrange desde a avaliação genética, até à vigilância clínica e tratamento, reforçando o compromisso de proporcionar cuidados de saúde de qualidade à população”.
Refira-se que ainda na área oncológica, na semana passada, a ULSTMAD inaugurou o segundo acelerador linear do centro oncológico, reivindicado há 15 anos.
Com um investimento de cerca de cinco milhões de euros, o acelerador linear vai permitir realizar técnicas de radioterapia mais avançadas, antes disponíveis apenas em grandes centros e que, agora, podem servir a população dos distritos de Vila Real, Bragança e Viseu.
O equipamento amplia significativamente a capacidade de atendimento a doentes com diferentes tipos de cancro, possibilitando até 15 mil tratamentos por ano.