Ana Soares
Cuidado! Pela saúde das crianças
Cuidado com as crianças e os dispensadores de álcool gel!
Certamente que cada Pai, por instinto, tem particular atenção aos dispensadores de álcool gel e ao próprio álcool gel na presença de crianças, mas é este o grito de alarme que não me sai da cabeça nos últimos dias.
Todos sabemos que a forma de dispensar álcool gel tem sofrido uma enorme evolução no último ano e meio.
Algo que era só utilizado em meios profissionais específicos, passou a fazer obrigatoriamente parte do nosso quotidiano e, nesta altura, há já formas de desinfeção pra todos os gostos: dispensadores automáticos, dispensadores de pé, dispensadores de mão, cabines de desinfecção, etc.
O que pretendo com esta crónica é passar um alerta particular para o perigo que os dispensadores podem representar para as crianças. Bem sabemos que com uma criança qualquer segundo pode revelar consequências imprevisíveis.
Há poucos dias, a minha Filha de três anos acabados de fazer, enquanto eu esfregava as mãos com álcool gel, carregou sem aviso no pedal do dispensador do mesmo, daqueles que se apresentam em coluna e com pedal bem próximo do chão. Resultado: uma quantidade brutal de álcool gel foi directamente para o seu olho, ecoando em gritos de desespero da mesma que nunca me sairão da cabeça.
Ela estava ali mesmo, a poucos cm de mim, e não consegui evitar o pior é nunca me desculparei por isso.
Sei de relatos de acidentes semelhantes com dispensadores automáticos e de mão, em que nem foram as próprias crianças que carregaram, mas cujo álcool gel respingou na sua Direcção.
No nosso caso, apesar de estar atenta à minha Filha para ela não tocar com as mãos no que fosse nem saísse de junto de mim, não consegui prevenir que carregasse com o pé no pedal dispensador (que é certamente das formas mais seguras de dispensar gel em locais publicidade mas simultaneamente de mais fácil acesso as crianças atendendo ao facto de estar pertissimo do chão e de não ser visível por um adulto face à posição da coluna).
Não vou descrever a dor sentida pela Menina, nem o nosso pânico que se mantém até hoje, pois acho que é indiscritível. É claro que nenhuma criança de tenra idade deve mexer sozinha (ou preferencialmente mexer sequer) num dispensador de gel, mas sabemos que a curiosidade é particularmente importante nestas idades e que basta um segundo de menor atenção para fazerem o que não devem.
Os dispensadores de álcool em locais públicos em zonas facilmente acessíveis por crianças, deviam ser proibidos, assim como haver regras específicas para aqueles que são accionados com o pé ou sensor de movimentos inferior.
Sei de um caso em que a criança espreitou no buraco da coluna de dispensador automático de álcool, que ficava ao nível da sua cabeça, e foi o suficiente para que o mesmo fosse accionado.
Não quero obviamente com isto desvalorizar a supervisão, aliás, nunca me perdoarei pelo que aconteceu, mas há regras simples de precaução que podem evitar um problema que, tanto quanto é possível pesquisar na internet, se tem repetido um pouco por todo o lado.
Se porVentura assistirem a um acidente como o que infelizmente sucedeu com a nossa família, as indicações para lavar imediata e abundantemente o olho, se possível com soro. Foi-me transmitido por todos os profissionais de saúde que contactaram connosco no seguimento do que sucedeu com a Francisca que pode ser um gesto determinante.
No nosso caso, se Deus quiser, assim será e ela não ficará com danos permanentes, já que apesar de ter danificado as células epitiliais do olho, as mesmas regeneram-se rapidamente. Ainda estamos em processo de recuperação, com um Filha que se já era pirata de alcunha agora tem um olho a condizer, mas estamos ainda muito preocupados e de coração apertado.
Daríamos tudo para que isto não tivesse acontecido, para que todos os cuidados e alertas que sempre transmitimos às nossas Filhas e a nossa vigilância tivessem sido suficientes para evitar que tal acontecesse. Mas já que não foi, sentimo-nos na obrigação de alertar todos quanto lidam com crianças para as consequências que podem advir de um gesto tão simples como carregar num dispensador de gel.
Não nos esqueçamos que a cabeça das crianças fica muitas vezes abaixo do nível dos dispensadores, que há muitos cuja dose está claramente mal dimensionada e que, até um simples salpico, pode ter consequências complicadas para a saúde de qualquer criança.
Têm de existir regras claras quanto ao posicionamento e outras normas de segurança quanto aos dispensadores de álcool gel. Neste sentido, será lançada uma petição pública na próxima semana.
Que um gesto que se tornou banal para nossa segurança, não torne a representar perigo para uma criança. Pelo bem de todos.