Ana Soares

Ana Soares

Neste Dia Internacional da Mulher

Neste dia Internacional da Mulher, recordar que vivemos hoje numa sociedade em que usufruímos do que os nossos antepassados já conquistaram (mas que nunca podemos dar como adquirido) como o direito ao voto, a estudar, à integridade e autonomia dos nossos corpos, de servir através da política e tantas mais garantias que usamos no nosso dia-a-dia. Lembremo-nos, no entanto, de tanto que temos ainda por lutar por nós próprias, pelas gerações seguintes e por uma sociedade mais justa: vejamos nas listas das eleições que se avizinham quantas vão além das quotas impostas por lei; observemos quantos estereótipos são ainda incutidos no dia-a-dia nas escolas e no trabalho; lutemos contra a violência que - não sendo exclusiva do género feminino e tendo de ser combatida contra todos - atinge as mulheres de uma forma particular e assustadora; saibamos exigir ser realmente tomadas em consideração nas decisões que nos dizem respeito e das organizações de que fazemos parte, numa sociedade que, se for paritária, será necessariamente mais justa, capaz e respeitosa.

Que ousemos usar a força, a determinação, as ideias e tudo o que nos torna Mulheres, sem nos deixar limitar no voo das nossas vidas por quem – mesmo afirmando ser a favor da igualdade – no quer cortar as asas para nos balizar o voo; por quem - mesmo nos dando uma flor no dia da Mulher - nos diz para termos cuidado com o que vestimos e fazemos porque “somos facilmente criticáveis”; por quem – ainda que nos diga que somos maravilhosas – nos diz para não arriscarmos, não irmos atrás dos nossos sonhos e que nos lembremos de ter os pés assentes na terra. Mas também que não nos esqueçamos que os “quens” tanto são homens como mulheres e que saibamos deixar de ser obstáculo para ser refúgio e suporte para todas aquelas que connosco se cruzam no dia-a-dia.

Que saibamos respeitar a Mulher, não esquecendo que não há uma Mulher, mas sim uma quantidade infindável , todas dignas de consideração: a mulher que decide não ter filhos, a mulher que não pode ter filhos, a mulher que tem filho único ou a que é mãe de uma família numerosa; a mulher que fica em casa a tratar do tudo que é de todos, a mulher que arriscou e trabalha além fronteiras e aquela cujo trabalho é na sua terra de sempre; a mulher que gosta de futebol, a mulher que não sabe o que é um pontapé de canto ou aquela que é árbitro ou jogadora profissional de futebol; a mulher que veste minissaia, a mulher que só tem calças na guarda-fatos e a mulher que veste a primeira coisa que apanha pela manhã; a mulher que sonha com a Cinderela, a mulher que encorpora em si mesma a Princesa Mérida e aquela que é a Pocahontas nas nossas tão fantásticas terras transmontanas… A mulher, na sua liberdade de ser ela própria, sempre respeitada!

No dia internacional da mulher, celebremos todas as mulheres, mas também todos os homens que – dignos de ser assim chamados – são companheiros, filhos, pais, irmãos, amigos e cúmplices e oferecem, nos 365 dias do ano, flores às mulheres da sua vida com pétalas de respeito, amor, seriedade, lealdade, compreensão, coragem, estabilidade emocional e encorajamento.



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