Neste dia Internacional da Mulher, recordar que vivemos hoje numa sociedade em que usufruímos do que os nossos antepassados já conquistaram (mas que nunca podemos dar como adquirido) como o direito ao voto, a estudar, à integridade e autonomia dos nossos corpos, de servir através da política e tantas mais garantias que usamos no nosso dia-a-dia. Lembremo-nos, no entanto, de tanto que temos ainda por lutar por nós próprias, pelas gerações seguintes e por uma sociedade mais justa: vejamos nas listas das eleições que se avizinham quantas vão além das quotas impostas por lei; observemos quantos estereótipos são ainda incutidos no dia-a-dia nas escolas e no trabalho; lutemos contra a violência que - não sendo exclusiva do género feminino e tendo de ser combatida contra todos - atinge as mulheres de uma forma particular e assustadora; saibamos exigir ser realmente tomadas em consideração nas decisões que nos dizem respeito e das organizações de que fazemos parte, numa sociedade que, se for paritária, será necessariamente mais justa, capaz e respeitosa.
Que ousemos usar a força, a determinação, as ideias e tudo o que nos torna Mulheres, sem nos deixar limitar no voo das nossas vidas por quem – mesmo afirmando ser a favor da igualdade – no quer cortar as asas para nos balizar o voo; por quem - mesmo nos dando uma flor no dia da Mulher - nos diz para termos cuidado com o que vestimos e fazemos porque “somos facilmente criticáveis”; por quem – ainda que nos diga que somos maravilhosas – nos diz para não arriscarmos, não irmos atrás dos nossos sonhos e que nos lembremos de ter os pés assentes na terra. Mas também que não nos esqueçamos que os “quens” tanto são homens como mulheres e que saibamos deixar de ser obstáculo para ser refúgio e suporte para todas aquelas que connosco se cruzam no dia-a-dia.
Que saibamos respeitar a Mulher, não esquecendo que não há uma Mulher, mas sim uma quantidade infindável , todas dignas de consideração: a mulher que decide não ter filhos, a mulher que não pode ter filhos, a mulher que tem filho único ou a que é mãe de uma família numerosa; a mulher que fica em casa a tratar do tudo que é de todos, a mulher que arriscou e trabalha além fronteiras e aquela cujo trabalho é na sua terra de sempre; a mulher que gosta de futebol, a mulher que não sabe o que é um pontapé de canto ou aquela que é árbitro ou jogadora profissional de futebol; a mulher que veste minissaia, a mulher que só tem calças na guarda-fatos e a mulher que veste a primeira coisa que apanha pela manhã; a mulher que sonha com a Cinderela, a mulher que encorpora em si mesma a Princesa Mérida e aquela que é a Pocahontas nas nossas tão fantásticas terras transmontanas… A mulher, na sua liberdade de ser ela própria, sempre respeitada!
No dia internacional da mulher, celebremos todas as mulheres, mas também todos os homens que – dignos de ser assim chamados – são companheiros, filhos, pais, irmãos, amigos e cúmplices e oferecem, nos 365 dias do ano, flores às mulheres da sua vida com pétalas de respeito, amor, seriedade, lealdade, compreensão, coragem, estabilidade emocional e encorajamento.